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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Los Territorios' é filme argentino chato e pretensioso


Iván Granovsky é filho de um reconhecido jornalista internacional argentino. No entanto, ele fica decepcionado ao descobrir que o pai nunca cobriu guerras, confrontos armados ou conflitos entre países. Ou seja: nunca correu perigo na profissão. Querendo fazer o que o pai não fez, Iván sai de casa em busca de intensos conflitos geopolíticos ao redor do mundo.

Essa é a premissa da bomba Los Territorios, longa argentino que trafega entre a ficção e o documentário para mostrar a trajetória de Ivan -- que, aliás, dirige, roteiriza e protagoniza o filme.

Aparentemente, Los Territorios é uma história perfeita para tecer críticas ao jornalismo dos dias de hoje, à cobertura internacional, aos métodos utilizados para alcançar notícias, e por aí vai. Mas não. Granovsky, ao invés disso, opta por uma trama chata, pretensiosa e sem sal, deixando a câmera acompanhando-o por todos os 100 minutos de projeção.

É uma história, então, unicamente sobre a busca de Iván por um espaço no mundo do jornalismo. E isso poderia até render algo positivo se a mente por trás de tudo isso fosse minimamente interessante. Só que Granovsky, no filme, é um rapaz mimado, fútil, sem vínculo com a realidade e sem nenhuma preocupação com consequências do que está fazendo.

Pode até ser que ele seja, na maioria das vezes, apenas um ator em frente às câmera -- o que justifica a mistura de ficcional e documentário. Só que como esse limite é esfumaçado, o espectador leva a crer que tudo ali é verdade e ponto final. Há quase nenhum interesse nas atividades do pseudo-jornalista, que não consegue sair de uma zona chatíssima de emoção.

Outro ponto: sendo documentário ou ficção, Los Territorios continua sendo um filme. E, sendo um filme, precisa ter o mínimo de coerência narrativa. Veja, por exemplo, o premiado Virunga ou, ainda, o recente O Processo, sobre o impeachment de Dilma. São exemplos, cada um a sua maneira, de documentários que parecem verdadeiras obras de ficção de tão intenso que é seu ritmo. O espectador, em momento algum, perde o interesse.

Já no filme argentino, não há narrativa. É apenas Iván indo de lá pra cá, com o dinheiro da mãe, para tentar se provar como jornalista. Não há coesão, não há um ponto de encontro entre as diversas filmagens nas dezenas de países diferentes no qual Iván passa. São apenas sequência do rapaz, extremamente mimado, tentando encontrar seu lugar no mundo -- e com participações especiais, ainda por cima, do ex-presidente Lula e do jogador Lavazzi.

Ao final dos 100 minutos, não há uma compensação pelo que foi visto. Sente-se um enorme vazio do lado da audiência, que só fica em desespero para recuperar o tempo perdido com a projeção -- e que, no Brasil, será vinte minutos maior por conta da apresentação de um fraco curta-metragem antes do filme. Nada ali interessa, nada ali faz sentido, nada ali é empolgante. É melhor Iván voltar ao jornalismo e esquecer do cinema.

 
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