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Documentários do National Geographic sobre animais na natureza selvagem sempre seguem um caminho bem similar: câmeras escondidas, geralmente camufladas, que conseguem colocar o espectador dentro do cotidiano dos animais. É o leão correndo atrás da zebra, o veado fugindo do predador, o pássaro embelezando a vegetação e por aí vai. Leopardo das Neves é um filme, na 45ª Mostra Internacional de Cinema, que amplia as possibilidades do cinema sobre natureza.
Dirigido por Marie Amiguet, o documentário acompanha Vincent Munier, um renomado fotógrafo da vida selvagem, que sai em uma jornada ao lado do escritor e aventureiro Sylvain Tesson em busca dessa criatura magnífica que dá nome ao longa-metragem em português: o leopardo-das-neves. Ao longo de 92 minutos, Leopardo das Neves mostra esses dois homens viajando pelas planícies frias do Tibete em busca de vestígios dessa criatura tão rara, tão bela, tão singular.
A partir desse objetivo, que guia os primeiros minutos da produção, temos praticamente dois filmes em um. Primeiramente, há a busca em si. Somos apresentados à imagens belíssimas, em uma fotografia assinada pela própria Marie Amiguet, que ajudam a colocar o espectador no coração dessa terra e do ambiente do leopardo-das-neves. É difícil não sentir o impacto dessas imagens, que se assemelham ao que há de melhor nas produções do National Geographic.
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No entanto, como dito, há uma ânsia de ir além das produções da Disney. Amiguet, como em um segundo filme, foca na personalidade, nas opiniões e nas ânsias desses dois personagens acompanhados pela câmera. Por um lado, é algo acertado, já que facilita a criação de uma narrativa como conhecemos, com começo, meio e fim -- e até mesmo clímax, com o encontro dos dois com o leopardo. Mas, por outro, tira o protagonismo da natureza e dos animais.
Dos 92 minutos, muito é dedicado ao blá-blá-blá de Vincent Munier e Sylvain Tesson. Falas sobre paciência, perseverança e coisas do tipo vão complementando as imagens paradisíacas do Tibete. E isso, é claro, não funciona tão bem quanto a busca em si, quase transformando Leopardo das Neves em uma conversa sobre autoajuda. Não precisava. Sem dúvidas, quem gosta das imagens da natureza, vai ficar insatisfeito e encontrar, aqui, vazios narrativos.
Ainda assim, vale a pena ignorar essa deslizada no roteiro de Vincent Munier e Amiguet para se concentrar nas imagens belíssimas, quase desconcertantes, que o longa-metragem proporciona. Destaque, principalmente, para as cenas exibidas já quando os créditos estão rolando na tela. Vemos a natureza em sua beleza mais simples, natural e compreensível, deixando até mesmo toda a suntuosidade do leopardo-das-neves próxima de nós, mortais.
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