Matheus Mans
Crítica: 'O Bombardeio', da Netflix, é filme sem foco sobre erro histórico da Guerra
Atualizado: 23 de abr. de 2022

Foi em 1945, no auge da Segunda Guerra Mundial, que a força aérea britânica cometeu um dos maiores erros da História. Na ânsia de atacar a sede dinamarquesa da Gestapo, na capital Copenhague, pilotos erraram o direcionamento e bombardearam uma escola lotada de crianças. Mataram centenas de crianças enquanto os alemães nazistas conseguiram sair praticamente incólumes do local.
Essa é a história do filme O Bombardeio, longa-metragem dinamarquês que chegou nesta quarta-feira, 9, ao catálogo da Netflix. Dirigido e roteirizado por Ole Bornedal (Nightwatch), o filme fala mais sobre o cenário daquele momento do que exatamente sobre os indivíduos em si -- como fez, brilhantemente, Erik Poppe no chocante Utøya 22 de Julho: Terrorismo na Noruega.
Assim, acompanhamos um mosaico de histórias. Tem a freira rebelde e instável que trabalha na tal escola; as crianças que ali estudam; os nazistas da região; e, é claro, os pilotos envolvidos.
Por um lado, é interessante ter essa pluralidade de vozes envolvidas em um fato histórico. Percebe-se como esse erro nasceu, se formou e, principalmente, como afetou diferentes vidas e histórias. No entanto, O Bombardeio também se torna um tanto quanto disperso. O quanto a história daquela jovem freira rebelde realmente contribuiu para o cenário completo desse erro relatado?
Uma abordagem como a de Poppe, em Utøya 22 de Julho: Terrorismo na Noruega, talvez fosse muito mais interessante, potente e chocante. Afinal, ainda que fale sobre o erro em si, isso acaba relegado a apenas 30 minutos do longa-metragem. O resto são apenas histórias, direta ou indiretamente ligadas com o erro, que nem sempre acrescentam algo de relevante na trama.
Há boa direção de arte, bons cenários e atuações. Mas fica aquele gosto frustrante no final de que o fato, o erro, não foi tão importante na construção geral de O Bombardeio. Sem falar de um gosto amargo, e praticamente nada citado, sobre o erro do Reino Unido nessa história. O filme acaba praticamente sem culpabilização -- não dos pilotos, mas da forma que tudo foi conduzido.

