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Foto do escritorMatheus Mans

'Pico da Neblina', da HBO, imagina realidade alternativa para o Brasil


Quando Quico Meirelles começou a elaborar a série Pico da Neblina, por volta de 2013, ele ficou preocupado com o futuro da produção. Afinal, a série, que mostra um Brasil alternativo no qual a maconha é liberada para uso recreativo, poderia se tornar obsoleta caso a legalização das drogas fosse aprovada junto ao Congresso e ao STF. No entanto, hoje, quando a série finalmente chega ao canal pago HBO, essa preocupação é algo bem, bem distante. E até serve como piada para o criador, filho do genial Fernando Meirelles.

"Hoje, a legalização é algo completamente impossível. E, de certa forma, essa polarização que cerca o Brasil até gera um certo interesse para a série", afirma um hiperativo Quico, durante coletiva de imprensa para apresentação de Pico da Neblina.

Apesar desse risco que correram com a obsolescência da produção, há mais coisas que chamam a atenção do que o futuro distópico e progressista da série. Na trama, acompanha-se a história de Biriba (Luis Navarro), um traficante de maconha que é um dos melhores em seu ofício. No entanto, o seu ganha-pão entra em cheque quando a droga é legalizada. Surge a dúvida, então: como ganhar dinheiro depois disso? Vender drogas mais pesadas? Entrar para a organização do tráfico? Ou ir pro dinheiro honesto?

A situação fica ainda mais complexa quando dois amigos próximos aparecem com diferentes propostas. Uma delas é a de Vini (Daniel Furlan), um cliente de Biriba que vive às custas do pai e que tem a ideia de abrir uma loja em São Paulo para vender a maconha legalizada. A outra parte de seu melhor amigo Salim (Henrique Santana), que decide continuar na criminalidade e convida o protagonista a ser gerente da biqueira.

Meirelles ressalta que, apesar da maconha ser tratada com bastante naturalidade na produção, Pico da Neblina não se propõe a ser uma carta aberta à legalização das drogas. "A gente nunca se posiciona contra ou favoravelmente às drogas. Mas trazemos o assunto à tona. É algo urgente e que precisa ser falado", disse o cineasta e criador. Além disso, segundo ele, houve um profundo estudo para criar o cenário alternativo. "A gente estudou várias maneiras de legalizar droga e apostamos na melhor pro Brasil."

E Fernando Meirelles arremata: "drogas de Brasília não atrapalharam drogas da série".

Elenco

No primeiro episódio, já conferido pelo Esquina, o que chamou a atenção foi a ótima desenvoltura do elenco. Navarro funciona como aquele traficante que, em um primeiro momento, em nada lembra o estereótipo do vendedor de drogas -- cheio de tatuagens, sempre fumando algo, falando palavrões, com correntes de ouro. A sua construção de personagem, que segundo Fernando Meirelles teve muito do ator, é certeira. Vai bem.

Mas quem rouba a cena é Henrique Santana, intérprete de um rapaz que toma rumo na burocracia do tráfico. Natural de Ermelino Matarazzo, ele começou a estudar para ser padre. No entanto, no meio do caminho, acabou entrando no teatro da igreja, se apaixonou pelos palcos e largou o sacerdócio. Hoje, se dedica totalmente à atuação. "Se eu não fosse o Salim da ficção, poderia ser o Salim da vida real", finalizou Henrique.

 
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