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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Filho Protegido' é suspense psicológico razoável da Netflix


Lorenzo (Joaquín Furriel), um pintor de 55 anos, está ansioso pelo filho que terá com sua esposa, Sigrid (Heidi Toini). Mas durante a gravidez ela se torna obcecada em cuidar do bebê e traz uma parteira da Noruega, seu país natal. Com o nascimento de Henrik, o conflito se torna mais agudo: as mulheres isolam o bebê do mundo e de seu próprio pai, com a desculpa de uma maternidade alternativa e natural. Lorenzo, marginalizado e desesperado, se sente na forte obrigação de defender o seu filho custe o que custar.

Esta é a trama de O Filho Protegido, novo longa-metragem original da Netflix. Produção argentina, o filme conta com uma boa atmosfera construída pelo diretor Sebastián Schindel (O Patrão: Radiografia de um Crime) e acaba escondendo defeitos mais graves em um primeiro momento. Afinal, é fácil mergulhar no que o longa-metragem se propõe e, principalmente, na paranoia vivida pelo protagonista. Por mais que haja dúvidas quanto à sua sanidade, é um personagem que mostra um medo muito identificável.

Aliás, Joaquín Furriel (Árvore de Sangue) e Heidi Toini (A Caverna: Perigo Subterrâneo) formam uma boa dupla de protagonistas. Ambos possuem nuances em suas atuações que produzem bons momentos em tela. É difícil compreender quem está falando a verdade, quem está certo. Lembra a dualidade de Corações Famintos, com Adam Driver.

No entanto, após romper essa camada do bom clima criado por Schindel e da boa atuação dos protagonista, chega-se no problema central de O Filho Protegido: o péssimo roteiro. Por mais que tente apostar numa não-linearidade, o texto do filme é muito, muito fraco. Escrito por Leonel D'Agostino (Un Amor), o longa-metragem não consegue emplacar nenhuma grande reviravolta. As duas tentativas de surpreender são fracas e terminam num conteúdo extremamente repetitivo. Não chega a lugar algum o suspense.

Além disso, o tal mistério acaba sendo algo pouco explorado. Revela-se o fato central, mas não detalhes. Uma babá que acompanha a mãe nunca tem sua função realmente explicada. Um espaço misterioso também nunca tem uma explicação plausível. Aqui, o roteirista desistiu de tentar dar alguma revelação plausível e jogou para o público.

Além disso, todos os personagens são unidimensionais. Lorenzo é o artista taxado de louco, Sigrid é a europeia obcecada pelo filho, a amiga bonita e advogada é a que tenta ajudar o protagonista, e por aí vai. Não há camadas que deixem os personagens dinâmicos, interessantes. E vale ressaltar a fraca interpretação de Martina Gusman (Abutres), que não consegue mergulhar no papel de maneira convincente em todo filme.

Assim, no final das contas, O Filho Protegido é um daqueles suspenses psicológicos pra assistir quando não tem mais nada pra fazer. Vai agradar quem busca um divertimento rápido e barato, mas não irá desafiar a lógica de quem quer algo um pouquinho mais complexo. É daqueles que logo, logo será esquecido num canto escuro da memória, junto com todos aqueles outros suspenses que se propõe a ser muito. E não são nada.

 

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