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  • Foto do escritorMatheus Mans

Em 'Onde Quer Que Você Esteja', a dor dos desaparecidos


No filme Onde Quer Que Você Esteja, um grupo diverso de pessoas está conectado por um fator: a ausência. Todos os personagens do longa-metragem, dirigido pelo casal Bel Bechara e Sandro Serpa, estão em busca de algum familiar desaparecido. Quer seja a esposa, o marido, o filho. A dor é a mesma ao não saber como será o futuro em família.

Não é um universo fácil de compreender, sentir e levar para as telonas -- não é à toa que a maioria dos filmes sobre desaparecidos recai para o suspense, ação ou documentário. Bechara e Serpa, porém, pareciam satisfeitos e tranquilos na função de apresentar o longa ao mundo. Afinal, trabalhavam na história desde o curta de 2003.

Na trama do longa-metragem, acompanha-se novamente os personagens vividos por Leonardo Medeiros e Debora Duboc. A busca por esse alguém desaparecido une os dois, em forças e emoção. Os dois, além de quase uma dezena de outros personagens, acabam por ter como ponto de encontro o programa de rádio que busca desaparecidos.

"Foi uma coisa tão natural", resumiu Bel Bechara sobre sua experiência de transformar o curta-metragem em um longa. "Quando fiz o curta, já tinha esboçado outras história para aparecer apenas em áudio. No entanto, começamos a nos ligar aos novos personagens. Eram histórias que também deveriam ser contadas, tinham potencial".

E como foi para os atores trabalharem com dois diretores? Gilda Nomacce responde. "Eu já trabalhei com muitas duplas de diretores", disse a atriz, vista recentemente no belo A Pedra da Serpente. "É incrível como a Bel e o Sandro sabem trabalhar em sintonia. Eu já fiz trabalho com duplas que me deixaram bem desconfortável. Os dois tem química".

Para Sandro Serpa e Bel Bechara, o Esquina fez a pergunta que todo mundo deve ter ao ver o longa-metragem. Como eles fizeram para conciliar tantos atores, personagens?

"Nosso maior medo era se as pessoas ficariam perdidas com tantos personagens, tantas histórias", disse Bechara. Serpa complementa: "no backstage, a loucura ficou por conta do assistente de direção. Ele precisou bater a agenda de todo mundo, já que cada ator tem outros 5 projetos rolando. Foi muito fragmentado e difícil manter a ordem".

Drama do desaparecido

A dor de quem tem um parente, amigo ou cônjuge é muito peculiar e particular. É difícil, para quem nunca teve alguém nessa situação, entender e, ainda por cima, passar a emoção numa cena ficcional. O elenco, sem dúvidas, teve trabalho para conseguir levar os sentimentos para a telona e, assim, fazer com que público se sentisse contemplado.

Débora Duboc acompanha a história criada por Serpa e Bel desde 2003 -- ela, afinal, já era protagonista do curta-metragem. E ela diz que a trama avançou. "O filme ganhou maturidade. Se tornou genuíno nessas histórias que eles desenvolveram", disse a atriz, conhecida por seu trabalho no já clássico Latitude Zero. "Foi bonito reviver isso tudo".

Além disso, é interessante a sensação que é desperta ao longo de Onde Quer Que Você Esteja. Por mais que seja um drama familiar emocional, há um tom político que ganha força por todos seus cerca de 90 minutos. Como o elenco vê essa força quase invisível? Ainda mais que a política brasileira mudou muito -- muito! -- nesses últimos 15 anos.

"O acolhimento, o afeto e a resistência são coisas absolutamente necessárias hoje em dia. E o cinema se tornou importante em levar isso às pessoas", disse Gilda Nomacce .

 

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