top of page
Buscar
  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Chamado 3' é péssima tentativa em ressuscitar clássico

Atualizado: 11 de jan. de 2022


Nos filmes da saga O Chamado, a Samara aparece para as pessoas apenas sete dias depois delas verem o fatídico vídeo, gravado em VHS. No mundo real, a Samara demorou um pouco mais para chegar: o novo filme da franquia, O Chamado 3 (Rings) foi anunciado apenas 12 anos depois do último longa. Além disso, o filme teve a sua data de estreia adiada duas vezes. Mau sinal. Geralmente, neste meio tempo, produção e estúdio tentam melhorar a qualidade do filme, gravando novas cenas e, em alguns casos extremos, até alterando roteiro e mexendo nos nomes da produção.

No novo filme da assombração Samara, está claro que tudo deu errado desde o começo. Primeiro, toda a história: em O Chamado 3, a Samara virou uma espécia de corrente virtual. As pessoas que assistem o tal vídeo da assombração podem "infectar" uma outra pessoa em até sete dias, se livrando de uma visita da Samara. Só é necessário que alguém veja o vídeo pelo intermédio do "infectado" -- uma ideia, aliás, que já foi bem executada recentemente no filme Corrente do Mal.

Dado esta premissa, o roteiro coloca Julia (a desconhecida Matilda Lutz) e Holt (Alex Roe, do péssimo e vergonhoso A Quinta Onda), um casal bem desinteressante e que não tem aprofundamento, no meio deste círculo de "infecção". Ele, que estava infectado, acaba sendo salvo por Julia, que precisa encontrar um novo algoz. E liderando todo o processo está Gabriel (Johnny Galecki, de The Big Bang Theory), um professor fascinado pelo método e pelo mistério de Samara.

A partir daí, o filme é só erro: o inexperiente diretor F. Javier Gutiérrez faz uma grande confusão. Não consegue manter o ritmo do filme, mesclando referências e ideias abstratas. Logo na segunda metade, ele esquece da premissa de infecção e cria um amontado de histórias de terror -- o final, por exemplo, ganha ares de O Homem nas Trevas, mas feito de uma maneira ruim e artificial. Além disso, o diretor insiste em usar jump scares ridículos -- guarda-chuva abrindo -- e clichês -- um cachorro que começa a latir do nada.

Além disso, a tentativa de contar uma espécie de história de origem falha terrivelmente, com mistura de histórias e conceitos. Não precisava de nada disso. Seria mais interessante se os roteiristas -- e foram três ao longo do processo -- tivessem criado uma história de culto à Samara. Ao invés de passar a tal da "infecção", as pessoas apenas oferecessem sacrifícios para a assombração. Virassem, no final, servas de um ser que assombra o mundo há anos. Uma ideia assim poderia ser mais original e faria mais sentido de ser filmada em 2017. Ou, ainda, aprofundar a ideia da infecção, que foi abandonada no decorrer do filme.

No final de O Chamado 3, o filme ainda tenta se redimir, jogando uma boa ideia para a franquia, que pode revitalizar a imagem da Samara. No entanto, ela é disfuncional e não faz sentido com o resto da história. E, além do mais, o estúdio e os produtores precisam se preocupar em criar um bom filme para a Samara antes de tentar revitalizar a franquia. Não adianta insistir em algo que já está mostrando problemas. As chances da saga se recuperar no meio do caminho são mínimas, mesmo com um personagem forte e impactante como a Samara. Basta olhar a história do cinema.

RUIM

1 comentário
bottom of page