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  • Foto do escritorMatheus Mans

'Arte faz acessar o humano que há em nós', diz apresentador do 'Art Attack'


Se você cresceu entre as décadas de 1990 e 2000,   sem dúvidas assistiu ao programa Art Attack, da Disney.  Sucesso entre crianças e adolescentes,  a atração ensinava as crianças a fazer vários tipos de desenhos, brinquedos ou, até mesmo, objetos de decoração para a casa, como divertidos enfeites ou complexos sistemas para deixar as gavetas seguras. Tudo ficava ainda mais divertido com a apresentação de Daniel Warren.

Natural de São Paulo, Daniel começou sua carreira como ator,  mas foi nas artes plásticas que ele se encontrou quando foi convidado para apresentar a versão brasileira do programa Art Attack, com gravações na Inglaterra. "A minha vida mudou", conta o artista brasileiro, em entrevista ao Esquina"Hoje, dedico minha vida à arte. Dou oficinas, ensino crianças a mexer com mais produtos artísticos,  a entrar no universo da produção cultural." 

Ao Esquina, Daniel falou mais sobre sua experiência no programa de artes plásticas, sobre a sua vida e sobre novos projetos. A seguir, os melhores trechos da entrevista:

Esquina: Você ficou conhecido em todo o Brasil por apresentar o programa 'Art Attack'. Como foi a experiência?

Daniel Warren: Foi realmente uma experiência incrível! Eu era bem novo, tinha 23 anos. Tudo foi uma novidade. Eu já vinha fazendo alguns trabalhos em publicidade, mas apresentar um programa foi a primeira vez. Eu já dava aulas de teatro há algum tempo quando passei no teste e isso foi crucial para entender essa comunicação com as crianças. E além de tudo, as gravações dessas primeiras temporadas foram na Inglaterra. Foi um período de muito aprendizado, além de me dar a oportunidade de conhecer a Europa. Depois de algum tempo, com a repercussão do programa, comecei a perceber a dimensão de tudo, de como estava influenciando e fazendo parte da vida de pessoas... e isso pra mim é a coisa mais legal de ter feito esse projeto!

O 'Art Attack' mudou a sua vida? Como foi a sua carreira após a apresentação do programa?

Apresentar o Art Attack, com certeza, mudou minha vida, pois essa experiência me levou para o caminho da arte-educação, bandeira que levo com o maior orgulho. Com a experiência no programa, pude criar minhas próprias diretrizes em relação a arte. E segui fazendo oficinas de arte e teatro. Nas minhas oficinas já passaram mais de 10 mil crianças desde 2002. E participei de mais de 30 espetáculos de teatro nesse período.

O 'Art Attack' era um programa com uma qualidade acima da média. Hoje, como você avalia a programação infantil? Existem programas como o 'Art Attack'?

Muito obrigado pelo elogio! Acho realmente que o Art Attack tinha muito a contribuir. Sobre a programação infantil, acho que com a segmentação da TV a cabo, temos opções e mais opções para as crianças. Isso é muito bom. Mas temos que saber escolher. Isso cabe a família. Prefiro programas que se dirigem a criança de maneira inteligente.

Você, que sempre esteve muito ligado às artes, o que acha do atual momento das artes no Brasil? Seja no campo da música, TV, literatura, cinema ou, até mesmo, artes plásticas.

Estamos vivendo um momento muito triste em nosso País. De desesperança e constatação de que talvez nosso País tão alegre e festivo tem muitos problemas. Talvez possamos perceber que somos alienados politicamente, temos muitos preconceitos e não temos o hábito de valorizar a cultura. Pra mim essa questão é muito importante. Entendo o desenvolvimento e o progresso através de valores humanistas, e a arte e a cultura tem papel crucial para acessarmos o humano que há em nós. Valorizar os professores, valorizar uma educação através da cultura, da música, do teatro, da dança, das artes plásticas. Na minha opinião, quanto mais cultura temos e entendemos, menos violentos e mesquinhos nos tornamos.

Hoje em dia, com a internet, as crianças ainda se interessam por folha de papel, lápis de cor e canetinha?

Claro! A criança se interessa por tudo que estimule sua criatividade. O que acontece é que com a oferta tão grande e fácil de imagens e vídeos na internet, ás vezes a experiência manual, de colocar a mão na massa fica em segundo plano. Mas isso é trabalho para os pais e professores: o de apresentar a internet como ferramenta para o mundo, e não como extensão de nossa mente.

Você, agora, é apresentador do 'Click', no Gloob. Como é a experiência? Como escolher o que ensinar para as crianças?

Que bom que perguntou sobre o Click. Depois de 12 anos no Disney Channel apresentando o Art Attack, decidi trilhar um caminho mais próprio. O Click é fruto de minha experiência como professor em oficinas e de minha experiência como ator. A concepção do conceito e dos personagens é minha e assim tenho o maior carinho por esse projeto. Com o Click, quero falar de criatividade para crianças. Quero apresentar linguagens artísticas variadas para que a criança tenha elementos para jogar o jogo de criar. O critério do que ensinar é bem esse: isso instiga a jogar, a contar história, a inventar? Então tá dentro do que vamos falar...

E para finalizar, um exercício de futurismo: como você imagina que estará a TV e as artes plásticas no futuro?

Que pergunta difícil! Talvez não tenha a capacidade de saber como o futuro vai ser... Tenho sonhos! Quero que nosso País saia dessa crise com um aprendizado: que a educação é a solução para muitos problemas. Que a cultura nos deixa mais humanos. E assim veremos um novo tempo acontecer, onde se investirá como nunca em escola, nos salários de professores, em museus, teatros, centros culturais e programas para o desenvolvimento das artes em todos os campos da sociedade.

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