A China é uma das maiores potências mundiais da atualidade, seja em termos econômicos, políticos ou militares. No entanto, ainda assim, sabemos pouco sobre a cultura do país e detalhes da rotina de seus habitantes. O Brasil é próximo comercialmente do gigante, mas as culturas permanecem com um oceano de diferenças. Ainda somos estranhos.
Por isso, é muito interessante e importante o relato apresentado em A Ponte de Bambu, de Marcelo Machado. Selecionado para a competição oficial do É Tudo Verdade 2020, o longa-metragem acompanha e conta a história da família de Jayme Martins. Ele, na época em que a China era apenas um país estranho e distante, foi de mala e cuia trabalhar lá.
A partir daí, ele começa a trabalhar como especialista internacional para os chineses. Mas, por outro lado, trabalha para comunicar ao público internacional o que acontece na China.
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Era um trabalho duplo, de duas vias, que se revelou muito importante. Afinal, enquanto o governo chinês fechava cada vez mais as fronteiras e a presença internacional, esses especialistas internacionais trabalhavam em prol da divulgação de políticas e econômicas. Eram trabalhadores quase invisíveis, mas que foram determinantes nos livros de História.
Assim, é uma viagem no tempo -- e à China -- acompanhar as histórias da família Martins. Ainda que haja alguns reducionismos e simplificações complicadas por parte da narrativa, mas necessárias por conta do tempo do longa, tudo funciona bem. A informação chega, o espectador entende aquela época e, acima de tudo, compreende como a China evoluiu.
Machado também foge da armadilha de fazer um filme monótono. Acerta na escolha de imagens, traz algum dinamismo e ainda coloca uma pessoalidade interessante dentro do que está sendo contado. Assim, ao fim, A Ponte de Bambu revelasse como uma ponte histórica, dentro do cinema, entre Brasil e China. Quem sabe, assim, a gente consiga entender melhor nossos “vizinhos” do outro lado do globo?
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