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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Atravessa a Vida’ é filme morno sobre vida no Ensino Médio


Aquele estranho e curto período da adolescência passado no Ensino Médio é um dos momentos mais estranhos na vida de qualquer pessoal. Afinal, você está crescendo, seus vínculos de amizade são solidificados e, mais do que tudo, é o momento de decidir seu futuro. Ali, naqueles três anos, você tem que decidir rapidamente qual profissão seguir.


E é sobre esse momento tão instável e facilmente abalável que se debruça o documentário Atravessa a Vida, longa-metragem selecionado para o É Tudo Verdade. Dirigido por João Jardim (de ‘Getúlio’), o filme tem uma premissa simples. Acompanha o dia a dia de uma escola pública em Sergipe, com foco em alunos do terceiro ano prestes a fazer o ENEM.


A partir daí, Jardim mostra os dilemas, as dores, os anseios e os desejos desse jovem tão pressionados. De alguma forma estética e narrativa, lembra o recente Eleições. Com a diferença fundamental de que aquele, dirigido por Alice Riff, foca mais nos conhecimentos e no processo eleitoral de alunos. No entanto, ainda assim, ambos falam sobre o Brasil.

Afinal, mais do que falar sobre a chegada das provas e o fim da vida escolar, Atravessa a Vida mostra a realidade de milhões de brasileiros na tela. Assim como Meu Querido Supermercado se vale de um mercado para mostrar as várias facetas do País, este filme de João Jardim mostra como adolescentes vivem, sonham e se comportam nas escolas por aí.


Nesse ponto, sem dúvidas, Atravessa a Vida acerta em cheio. Interessante notar as diferentes dinâmicas, as reações nas aulas e, até mesmo, a incerteza de um futuro. No entanto, rapidamente, o filme embarca numa multiplicidade narrativa que amorna a trama e acaba derrubando drasticamente toda a força da mensagem. O filme se torna esquecível.


Grande parte disso é a falta de um acompanhamento mais próximo das histórias. Tudo fica muito disperso, pouco interessante. É difícil criar vínculos com os retratados e, com isso, acompanhar com mais vigor o que está sendo contado. Faltou para João Jardim ter uma história mais bem definida. Afinal, sendo documentário ou ficção, ainda é cinema.


Com isso, o segundo ato do longa-metragem é cansativo e disperso demais. As coisas só voltam aos eixos na última metade, quando o filme finalmente relembra sobre o que está contando e consegue encontrar de volta o fio narrativo. Uma pena que seja tão disperso. Se fosse mais direto e atento á narrativa, como foi Eleições, poderia ser um filmaço.

 

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