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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Boneca Russa', da Netflix, é diversão 'mais do mesmo'


Histórias de pessoas que ficam presas no tempo não são uma novidade nos cinemas ou na TV. O ápice desse tipo de trama veio com o clássico Feitiço do Tempo, com Bill Murray, que veio a se tornar uma daquelas comédias cults inesquecíveis. A ideia, mais recentemente, ganhou nova roupagem com o terror A Morte Te Dá Parabéns, no qual uma universitária fica presa no dia em que é assassinada por um serial killer vestindo a máscara de um bebê. Agora, a Netflix tenta reutilizar a ideia com Boneca Russa, série de 8 original de episódios e que não consegue passar de uma diversão corriqueira.

Na trama, Nadia (Natasha Lyonne), uma programadora viciada em drogas -- de todos os tipos, até as inimagináveis -- morre no dia de sua festa de aniversário. Porém, magicamente, ela volta no tempo sem parar e fica presa, rotineiramente, nessa sua morte. A diferença para A Morte Te Dá Parabéns é básica: aqui não há um assassino em série querendo se livrar da protagonista. É apenas a vida agindo. E Nadia, tal qual Murray, começa a perceber esse ciclo, não consegue romper e passa a aproveitar o tempo de sobra. É aí que começam as confusões, os problemas, as dores e dificuldades.

O grande problema de Boneca Russa -- que acerta em cheio no nome -- é a proximidade da série com A Morte Te Dá Parabéns, lançado em 2017. Por mais que não seja um trama de serial killer, é praticamente impossível não conectar e comparar as duas histórias. E, infelizmente, a série da Netflix perde de lavada. Primeiro por conta da sua protagonista. Nadia até que possui camadas e um jeito divertido, mas é difícil criar empatia pela personagem. Ela se droga o tempo todo, parece não estar com vontade de se livrar do problema, não possui laços afetivos com os outros. É a típica chata.

A trama, além disso, não oferece muitos desafios ao espectador a não ser o meio de sair dali, daquele lapso temporal -- algo que lembra um pouco de Feitiço do Tempo, mas com o diferencial de que a produção com Murray é um filme e com duração bem menor do que a série da Netflix. Fica difícil aguentar todos os oito episódios, por mais que sejam curtos, de apenas 25 minutos em média. A situação fica enfadonha e a falta de empatia pela personagem principal não ajuda. Ao terminar a série, a sensação que surge é mais de alívio e dever cumprido do que aquela típica ausência das boas séries.

Natasha Lyonne (Orange is the New Black) está bem no papel que lhe é imposto. Os problemas da personagem não são culpa da atriz. Elogios também são honestos para a trilha sonora, que ajuda a dar o tom geral da narrativa, e para o figurino. Por mais que este último aspecto não interfira diretamente, ajuda o espectador a mergulhar na série.

De resto, Boneco Russa não chama a atenção em nada. É, assim, um divertimento bobinho, pouco original e que não traz nenhuma novidade à história da pessoa presa no tempo. Quer ver qualquer coisa, sem muito compromisso? Pode ser uma boa pedida. Mas se quiser uma história que avance do que já foi feito em Feitiço do Tempo e A Morte Te Dá Parabéns, sinto muito. Melhor esperar que outra mente criativa ache soluções para sair dos clichês que esse subgênero cinematográfico traz. O melhor é esperar a sequência do filme de terror. Logo estreia. E Boneca Russa fica pra trás novamente.

 

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