Como é bom viajar pelo mundo por meio do cinema. Sem sair do sofá de casa, conhecemos pessoas, histórias, culturas, sociedades. É um tíquete que nos leva para outras realidades. E é justamente isso que faz Hava, Maryam, Ayesha, longa-metragem que chegou aos cinemas do Brasil na última quinta-feira, 8. O filme afegão é um convite para conhecer a cultura de lá.
Afinal, ao longo de menos de 90 minutos, somos apresentados à três histórias. A primeira delas, e a mais impactante, é uma tradicional mulher afegã grávida e que vive com os sogros -- fazendo sempre a vontade do marido. A segunda história é sobre Maryam, uma repórter que está prestes a se divorciar. E a última é de uma adolescente grávida obrigada a casar.
A partir disso, a diretora Sahraa Karimi (Parlika) navega nessas histórias, mostrando um pouco da face machista do Oriente Médio. Mas também, na outra mão, traz amostras e pequenos detalhes de como essas mulheres lutam, em pequenos momentos e rotinas do dia a dia, para conquistar a liberdade que anseiam. Hava, Maryam, Ayesha é um filme sobre isso: liberdade.
É inegável que são histórias fortes, com personagens ainda mais marcantes. Transcendem a tela, numa forma de cinema puro. Encontramos com essas personagens, entendemos as suas dores, suas limitações. É um cinema cru, que aposta em histórias sem firulas para fazer o espectador mergulhar no que a diretora, que também assina o roteiro, quer contar na tela.
Uma pena, porém, que Hava, Maryam, Ayesha seja corrido demais. Cada uma dessas histórias contadas renderia um filme por si só. Fica uma sensação estranha de que a produção corre para enfiar o máximo de acontecimentos e aprofundamento dessas personagens em um curto espaço de tempo. Não funciona. O longa-metragem, sem dúvidas, peca por seu excesso.
Ainda assim, Hava, Maryam, Ayesha vale a pena. A crueza de suas histórias, assim como a força das personagens, elevam a qualidade do filme e, principalmente, transporta o espectador para o Afeganistão -- seja na casa dessa mulher que mora com os sogros, para a vida conturbada da repórter ou os desafios da jovem grávida. Entendemos essas vidas. E isso já vale a experiência.
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