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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Libelu’ é documentário histórico que também busca reflexão


Confesso que estou um pouco cansado daqueles documentários históricos ou biográficos. Afinal, a maioria dos diretores desses filmes apenas joga os fatos, como se fosse uma linha do tempo filmada ou um artigo da Wikipédia em formato de filme. Por isso, que surpresa mais do que agradável é o longa-metragem Libelu: Abaixo a Ditadura, do É Tudo Verdade.


Dirigido pelo estreante em longas Diógenes Muniz, o filme conta a história da Liberdade e Luta (Libelu), uma tendência do movimento estudantil brasileiro dos anos 1970, ligada ao trotskismo, que buscava lutar pelas liberdades individuais em tempos de Ditadura Militar. Ou seja: um grupo de jovens de esquerda que, mesmo pequeno, buscava alguma revolução.


Aqui, ao longo de 90 minutos, Muniz trabalha de maneira profunda e dinâmica no estabelecimento da História. Sim, a História com H maiúsculo. Afinal, mostra como esse grupo se estabeleceu, como buscou se infiltrar nas repressões e, principalmente, como se organizou em um momento em que os militares atuavam para reprimir o indivíduo.

No entanto, felizmente, Muniz não cai nessa mesmice que parece infectar todos os filmes históricos ou biográficos. Ele, ao contrário, busca trazer uma reflexão sobre o passado -- principalmente entre entrevistadores e entrevistados -- e, também, sobre o depois. Em um diálogo franco com entrevistados e público, o filme questiona o rumo dos integrantes Libelu.


Como o jornalista Demétrio Magnoli, um dos líderes do movimento estudantil, e que acabou tendo uma arrancada para um conservadorismo perigoso nos últimos anos. Ou, ainda, Reinaldo Azevedo, jornalista da Band News FM e ex-colunista da VEJA. Ainda que seja uma voz contra Bolsonaro atualmente, ele foi um dos maiores oposicionistas da esquerda.


Dessa forma, Muniz busca uma reflexão: o que aconteceu com essas vozes, antes trotskistas e revolucionárias? Como se tornaram isso que são hoje? O que houve no caminho? São questionamentos interessantes e que, de alguma forma, fazem com que o jovem de hoje questione posicionamentos atuais e entendam como será no futuro.


Assim, Libelu: Abaixo a Ditadura é um filme interessante. Faz uma recapitulação histórica enquanto faz refletir sobre os caminhos da ideologia e da política. Também nos faz pensar sobre nosso futuro, sobre os próximos passos. Ainda mais no momento em que vivemos, de governos fascistas e autoritários. Um filme sobre o passado que nos faz olhar pro futuro.

 
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