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Bárbara Zago

Crítica: 'Lizzie' é um thriller lento, mas ousado


Filmes que se propõe a contar histórias que de fato aconteceram têm um certo apelo, naturalmente. Junte um caso verídico a um crime chocante e pronto: temos algo que desperta interesse no público. A ideia de Craig William Macneill foi exatamente esta ao dirigir Lizzie. Baseado num dos crimes mais polêmicos da Era Vitoriana nos Estados Unidos, ele tenta retratar o assassinato da família Borden de um ponto de vista feminista da própria protagonista.

O longa acompanha Lizzie Borden (Chloë Sevigny), uma mulher solteira e rica que vive sob o controle do pai e de inúmeros tabus da época, como sair sozinha e trabalhar. Com a chegada de Bridge Sullivan (Kristen Stewart), as duas se aproximam, gerando tanto uma intimidade intensa entre elas como um desconforto enorme em seu pai. Com traços de A Favorita, de Yorgos Lanthimos (O Lagosta e O Sacrifício do Cervo Sagrado), o filme, no entanto, tem um ritmo bastante lento até exibir o assassinato de fato. Sem linearidade, o filme parece tentar se justificar passo a passo para que o espectador consiga compreender a visão de Lizzie.

Lizzie é retratada como uma mulher antissocial e isso, por vezes, reflete na maneira como o espectador encara a personagem. Um dos ápices do filme é justamente o romance que ela tem com Bridget, que culmina em atitudes desrespeitosas de seu pai, facilitando ter empatia por ela. A intimidade entre elas acontece de forma gradual e isso transparece na ótima química entre elas.

Mesmo que o longa apresente cenas fortes, visto que na história verídica o pai e a madrasta de Lizzie foram mortos de maneira brutal, de alguma forma o crime acaba não tendo o impacto que deveria. As atuações de Sevigny e Stewart são ótimas, mas o ritmo lento domina o filme. O grande acerto, por incrível que pareça, é a forma que Macneill conseguiu tratar tabus de forma sutil, como machismo e homossexualidade no ano de 1892.

 

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