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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Marlon', da Netflix, é sitcom genérica, incorreta e sem graça


Marlon Wayans começou a fazer sucesso com a série Dupla do Barulho, mas estourou em todo o mundo com paródias de grandes filmes de terror -- a começar com o cultuado Todo Mundo em Pânico e com o subsequente Inatividade Paranormal. Isso sem falar de outro longa cultuado, o divertido As Branquelas. Infelizmente, porém, Wayans não tem acertado nos últimos tempos, com filmes abaixo da média como 50 Tons de Preto e Nu.

Agora, chega mais uma aposta do comediante norte-americano para tentar voltar à voga entre o público geral: a sitcom original da Netflix Marlon, que já conta com todos os seus dez episódios disponíveis no serviço de streaming. Com uma lógica e uma estrutura muito parecida com a clássica Eu, a Patroa e as Crianças, a sitcom tenta fazer piada com a família americana sem perder a acidez típica de Wayans, vista em toda sua filmografia.

No entanto, esta nova série de comédia não consegue ir além. Com uma estrutura narrativa muito batida e piadas que não fariam sentido nem há vinte anos, Marlon tenta chocar com piadas sobre negros e bullying enquanto apresenta uma trama "fofa" -- principalmente no que concerne aos filhos de Marlon na série, os fraquíssimos Notlim Taylor (Black-ish) e Amir O'Neil (Mann and Wife). Até tentam, coitados, mas não vai pra frente.

Nessa toada, Marlon se firma como um Eu, a Patroa e as Crianças que deu errado. As piadas politicamente incorretas, tão bem dosadas e discretas na série que passava nas tardes do SBT, aqui é desenfreada e sem noção das consequências -- há um diálogo absurdo entre Wayans e a filha logo no primeiro episódio, fazendo a audiência questionar o objetivo dessa sitcom. Fico um tom estranho, quase artificial, que só deve agradar aos fãs do ator.

O tom familiar também não vai pra frente, principalmente pela falta de entrosamento entre Wayans, os intérpretes dos dois filhos e da ex-esposa, a sem-graça Essence Atkins (de Inatividade Paranormal). A dinâmica entre o quarteto principal não flui e não causa uma mesma sensação que as famílias de outras sitcons clássicas provocam por aí. Falta uma peça na equação, que também erra no amigo de Wayans e na amiga da ex-esposa.

A sensação final, então, é que Marlon pode divertir em alguns poucos momentos, principalmente quando Wayans sai de sua zona de conforto -- o nono episódio, bem melhor que todos os outros, é um exemplo disso. No final, fica a saudade das grandes sitcons familiares da história da TV, principalmente Eu, a Patroa e as Crianças. Falta mais delicadeza nas piadas, mais entrosamento entre a família e um maior foco no resultado do entretenimento.

 

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