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  • Domenico Minervino

Crítica: 'Merlí', na Netflix, é versão espanhola para 'Malhação'


Você já ouviu falar ou assistiu alguma vez, na época de adolescência, da novela Malhação, da Rede Globo. E não sinta vergonha por consumir um produto desse tipo, voltado para o público entre 12 e 18 anos. Eu já passei por isso. Na verdade, quando começaram a passar os primeiros capítulos da produção brasileira, em 1995, eu era jovem, cheio de hormônios, dúvidas, ansiedades, medos e de desafios.

Naquela época, o ambiente das histórias era a academia, que estava virando moda no País. Só uns anos depois é que tiveram a ideia de tudo se passar em um colégio.Acredito que tramas surgiriam mais facilmente nesse ambiente. E foi o que aconteceu com enorme sucesso, tanto que está no ar até hoje.

Mas olha que interessante: o produto deu crias em outras terras. Para ser mais exato, na Espanha. Fuçando a Netflix -- coisa que gosto de fazer mais do que assistir ao que eu coloco em minha lista -- achei a série Merlí e adorei.

Criada por Héctor Lozano e lançada em 2015, produção espanhola está dividida em 13 episódios de aproximadamente 50 minutos cada. Toda a trama é centralizada em um professor de filosofia chamado Merlí (Francesc Orella) que está desempregado e é direcionado pelo governo espanhol para dar aulas no ensino médio. Não que ele quisesse, mas se vê obrigado a isso, já que passa a ter que morar com a mãe e cuidar do filho.

Como todo bom professor, Merlí é revolucionário dentro da sua profissão. Inspirador como outros que já passaram pelas telas dos cinemas, ele passa a mexer com a cabeça desses jovens e com o ambiente tão calmo daquela instituição. A sua ousadia incomoda inclusive corpo docente que quer ele longe dali.

A cada capítulo passamos a ter contato com um pensador filosófico. O rol é instigante e delicioso, passando por Platão, Maquiavel, Sócrates, Epicuro, Aristóteles e terminando em Nietzsche. Esses filósofos serão a base por trás das historinhas. Os conflitos, as dúvidas, as incertezas, os medos, a revolta, tão comum em Malhação pode ser vista novamente nessa série que segue a mesma linha.

Os jovens são o foco e não somente o professor, mesmo ele tendo um peso grande em toda ação.

A partir daí, veremos temas como gravidez, amor não correspondido, homossexualidade, a morte, bebedeira, traição, raiva, amizade. E perceberemos que a vida passa diante dos nossos olhos e é representada em obras assim.

Merlí, se você não viu, agradará tanto os adolescentes quanto aos adultos. Ela foi pensada para os dois públicos e vale a pena acompanhar mais essa criação.

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