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  • Foto do escritorJoão Pedro Yazaki

Crítica: ‘Red: Crescer é uma Fera’ é animação estilosa e madura da Pixar


O grande forte da Pixar é que ela consegue nos encantar com histórias que falam sobre alguma fase da vida - algo que o público possa se identificar - através de personagens ao mesmo tempo carismáticos e tridimensionais. Mesmo tendendo para um lado mais infantil em alguns filmes, o estúdio ainda dialoga com adultos de forma muito madura. A nova animação que estreou semana passada no Disney+, Red: Crescer é uma Fera, traz uma narrativa clássica sobre amadurecimento, porém com bastante originalidade, mesclando a doçura Disney de sempre com um estilo visual vibrante.


Dirigido por Domee Shi, e com auxílio das mentes criativas de Lindsey Collins e Pete Docter (Divertida Mente e Soul), o novo longa da Pixar conta a história de Meilin Lee, uma menina de 13 anos que se diz independente, mas que se sente presa à rigidez extrema da família. Seus pais são imigrantes chineses que se mudaram para Toronto, no Canadá, e com eles trouxeram uma cultura antiga deixada por seus ancestrais, que eram devotos à figura mitológica de um panda vermelho.


A aventura começa quando Meilin, em meio ao início da adolescência e enfrentando fases de descobertas sobre si mesma, passa a se transformar em um panda vermelho gigante toda vez que ela não consegue controlar suas emoções. A narrativa explora dois lados opostos da protagonista. De um, a menina extrovertida, espontânea, vaidosa, apaixonada por suas amigas e que deseja viver a típica vida de adolescente, querendo ser independente dos pais. De outro, no entanto, há a filha certinha, bem-educada, que só tira notas boas e tem a enorme necessidade de impressionar a mãe, fazendo absolutamente tudo o que ela pede.


Dessa forma, vamos acompanhar uma menina repleta de desejos, mas que ainda se vê muito presa às vontades da mãe. Embora tenha apenas 13 anos, enxergamos a mãe de Meilin como excessivamente protetora e controladora, que não deixa a filha nem interagir com as melhores amigas. Ao longo do enredo vamos descobrindo mais camadas dessa relação, e que tal excesso de rigidez não é por acaso. Aos poucos, vamos nos envolvendo em uma história sobre relacionamento familiar, como a vida de crianças são afetadas por pais abusivos e como isso reflete na fase adulta.

Enquanto isso, vemos uma narrativa clássica de coming of age. O termo em inglês faz referência a um subgênero do cinema, no qual mostra o protagonista passando por uma etapa crucial de amadurecimento. Geralmente é um personagem jovem, ainda criança ou adolescente, que se encontra em fase de mudança de mente e corpo, e precisa enfrentar os problemas na escola e no lar. Vemos Meilin no olho do furacão, prestes a transitar da infância para a adolescência e se encontrando na necessidade urgente de mudar alguns dos seus próprios valores.


A personalidade forte de Meilin, tal como suas aspirações, é uma das melhores características da história. Basta 5 segundos de filme que já nos apegamos ao carisma intenso da protagonista. Para enfatizar a inquietude de Meilin, e como sua vida é tão frenética quanto ela, a narrativa possui um ritmo rápido e dinâmico, e o estilo da animação remete muito aos animes japoneses e aos mangás (histórias em quadrinhos japonesas). Tal como a nossa protagonista, o filme é cheio de personalidade, que consegue transmitir originalidade a um enredo relativamente simples.


As amigas de Meilin também são bem divertidas. Possuem uma bela presença e sempre roubam a cena quando aparecem. Apesar de não serem aprofundadas, as personagens são cruciais para a trajetória pessoal da protagonista. Enquanto acompanhamos Meilin na busca por se desvencilhar do panda vermelho gigante, também vemos a menina evoluir em um processo de autoconhecimento, com as melhores amigas por perto.


Contudo, apesar do ritmo bacana e do bom desenvolvimento dos personagens, a animação dá umas trapalhadas no terceiro ato. Ficou evidente que falta um ar de Pixar quando a história se encaminha para o fim, pois seu final é previsível e bem água com açúcar. De qualquer forma, o filme nunca perde seu charme, sendo tão gostoso de assistir que o espectador nem vê o tempo passar.


Portanto, Red: Crescer é uma Fera não chega a ser o longa animado mais memorável da Pixar, mas ainda assim é um filme de muito estilo que aborda temáticas importantes para jovens e adultos, sem perder a graciosidade que o estúdio da Disney sempre soube trazer. Com sua linguagem ousada e ritmo acelerado, a animação sabe se destacar e prender a atenção do público. Um ótimo entretenimento tanto para ver sozinho como com a família.

 

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