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  • Bárbara Zago e Matheus Mans

Crítica: 'A Freira' dá sustos, mas acaba sendo o mais fraco da franquia


James Wan mostrou talento para o horror em 2004 ao dirigir o primeiro filme da franquia Jogos Mortais, que acabou rendendo seis continuações. No entanto, seu mais recente acerto no gênero foi a criação do universo de Invocação do Mal. Lançado em 2013, o longa-metragem conta a história verídica do casal Ed e Lorraine Warren, investigadores de fenômenos paranormais que chamaram a atenção do público com o caso de Amityville nos anos 70. Após a ótima recepção, Wan viu a chance de criar um universo ainda maior, inserindo criaturas marcantes dentro de suas histórias principais.

A primeira -- e mais acertada -- foi a boneca Anabelle, que ganhou um mediano spin-off em 2014 e, três anos depois, uma ótima continuação. Com relação à feira, a primeira aparição foi em Invocação do Mal 2, onde a criatura demoníaca-religiosa roubou a cena na trama sobre um fenômeno Poltergeist. Foi o bastante pra garantir seu próprio filme.

A Freira, dirigido pelo mediano Corin Hardy (A Maldição da Floresta), conta a história de origem da horripilante personagem. Para isso, são apresentados o padre Anthony Burke (Demián Bichir) e a noviça Irene (Taissa Farmiga), convocados a irem para um convento na Romênia que passa por problemas de assombrações após o suicídio de uma freira. Porém, ao chegarem lá, acabam sofrendo com entidades demoníacas que fazem parte do local.

A história, grande força por trás dos outros longas do universo, é o principal calcanhar de Aquiles em A Freira. Nada é muito aprofundado além do básico e pouca coisa consegue submergir dos clichês que afetam grande parte de diálogos e acontecimentos.

O elenco, porém, se esforça. Taissa Farmiga, que participou de American Horror Story, parece estar familiarizada com o terror e traz força ao filme. Em contrapartida, Demián Bichir (Alien: Covenant) é fraco e acaba soando um pouco artificial. Jonas Bloquet (Elle), que interpreta o vizinho Frenchie, faz bem sua função de alívio cômico, o que muitas vezes é preciso em filmes lotados de jumpscare. Num geral, o elenco se entende bem.

A Freira também consegue equilibrar bem as doses de horror, como se desse um tempo ao o espectador para se recuperar de um susto antes de tomar outro. No início, o filme utiliza muitos recursos como luz e sombra para assustar seu público, o que funciona muito bem. É preciso de um olhar atento para desfrutar daquilo que o filme oferece. No entanto, conforme a história avança, esses pontos positivos parecem ir na contramão e a direção acaba se concentrando em aspectos mais grotescos e explícitos, o que não apenas enfraquece o filme, como também lhe confere momentos clichês e absurdos.

Além disso, o longa-metragem causa certo humor involuntário quando envolve uma cena com cuspe, outra relacionando sonho e realidade e, por fim, uma que coloca a assombração Valak numa espécia de releitura da antiga abertura do Fantástico. Difícil segurar o riso nessas horas e, assim, levar A Freira a sério. Tudo isso pelo terror fácil e por aspectos pouco trabalhados, como a fraca mixagem de som -- tão impactante, por exemplo, nos recentes Hereditário e Slenderman. Podia ser muito melhor e inteligente.

Já que, até agora, introduzir personagens novos e assustadores tem dado certo dentro deste universo, A Freira não perderia a oportunidade. O resultado disso é um garoto chamado Daniel, que foi exorcizado pelo padre Burke, mas que pouco interfere no produto final. Mais uma vez, deixa a impressão de que o único objetivo da franquia é puramente comercial. Fica desagradável e não causa o mesmo efeito que Annabelle ou Valak.

Aos fãs da história, Ed e Lorraine Warren aparecem durante poucos segundos, apenas para poder fazer a conexão entre A Freira e o restante dos filmes. Parece um pouco solto demais, mas, como já foi dito, a história não é o forte do novo longa-metragem do universo de Invocação do Mal. Ainda que consiga dar bons sustos, percebe-se um potencial sendo desgastado. Uma grande decepção aos filmes de terror e, sem dúvida, o pior da franquia. A torcida, agora, é que Wan recupere a freira num futuro próximo. Há, ainda, muitas possibilidades com a personagem. É só entregá-la nas mãos certas.

 

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