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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Jogador Nº 1’ é aventura divertida e nostálgica


Steven Spielberg é um cineasta que todos amam e que sempre é lembrado na lista dos grandes diretores de todos os tempos. Afinal, ele é a mente por trás de obras como Jurassic Park, E.T.: O Extraterrestre, O Resgate do Soldado Ryan e Tubarão -- até listamos, aqui no Esquina, os nossos cinco preferidos. Mas, ultimamente, a chama criativa do diretor não estava tão aflorada, rendendo trabalhos abaixo da média. Só que o norte-americano mostra que é, ainda, um dos grandes nomes do cinema mundial com seu novo trabalho, o divertidíssimo Jogador Nº 1.

Inspirado no excelente livro homônimo de Ernest Cline, Jogador Nº 1 se passa num futuro distópico onde o caos reina e as pessoas, desiludidas, se refugiam no OASIS, ambiente virtual onde você cria avatares para interagir, ganhar moedas e entrar em missões. É como um Second Life, só que mais moderno, audacioso e criativo. E as coisas nessa plataforma ganham outro rumo quando seu criador morre (Mark Rylance) e insere pistas pras pessoas acharem chaves e assumirem controle do lugar. E é aí que entra o protagonista, Wade Watt (Tye Sheridan).

Ele, junto com outras centenas de milhares de jogadores, entram na corrida desenfreada para achar as pistas e tomar o controle do OASIS. Só que não são só pessoas boas que querem isso: uma organização, visando lucro e poder, também entra na corrida de um modo agressivo e desleal -- organização, aliás, que serve de suporte para o antagonista Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn). A base da história é toda tirada do livro de Cline, mas é substancialmente alterada em questão de desenvolvimento dos desafios e relacionamento de personagens.

Isso, porém, é essencial para dar o dinamismo necessário à trama, assinada pelo próprio Cline e por Zak Penn (Os Vingadores). Ou seja: a trama adaptada tem a benção do próprio autor e serve apenas para dar mais vivacidade nas telonas. Sinceramente, quem reclamar só quer achar pelo em ovo. Claro, o roteiro possui alguns problemas, como um excesso de explicação logo no começo, que apresenta uma narração completamente desnecessária, e uma diminuição de ânimo na realização da primeira prova. De resto funciona como um relógio suíço.

A direção de Spielberg também está solta, leve e divertida como não é vista na tela desde As Aventuras de Tintim -- e olhe lá. Ele, sem dúvidas, se divertiu muito contando essa boa história e inserindo dezenas de easter eggs ao longo de sua produção. É um divertimento que salta aos olhos e que é transmitido para a audiência. Sinceramente, é bom ver o diretor falando de temas sérios de vez em quando, mas é muito melhor vê-lo nessa forma juvenil que lembra clássicos de sua filmografia como Jurassic Park e E.T. Por mais filmes assim, divertidos e leves.

Falando nos easter eggs, nada ali atrapalha o andamento da história. Muitos deles só dão as caras uma vez e de maneira restrita, sem atrapalhar o andamento da narrativa. Só causa uma boa nostalgia e aquele clássico “olha lá!”. Há, porém, três grandes participações gerais: uma que rende uma homenagem à um clássico filme de terror, uma outra que homenageia uma animação dos anos 1990 e outra, muito divertida, com um personagem também dos filmes de terror e que rende boas risadas. São, assim, easter eggs bem dosados e que vão ao ponto.

Na questão técnica também sem grandes defeitos: a trilha sonora de Alan Silvestri (Forrest Gump) funciona bem e pega na nostalgia, apesar de alguns silêncios desnecessários, e os efeitos especiais estão no ponto certo, como sempre na maioria dos filmes de Spielberg que os exigem.

O elenco também funciona numa difícil simbiose entre atuação e dublagem. Sheridan (de X-Men: Apocalipse) faz um tipo bem mais contido, mas que consegue entregar momentos genuínos de emoção. Mark Rylance (que levou o Oscar, em cima de Stallone, por Ponte dos Espiões) está muito bem num personagem bem diferente de sua carreira. Olivia Cooke volta a mostrar que é uma promissora atriz de sua geração após a boa participação no mediano filme Os Crimes de Limehouse. Só Ben Mendelsohn (Una) que pesa na caricatura, mas está bem no final.

No geral, Jogador Número 1 é um filme nostálgico, divertido, leve e que eleva a qualidade dos filmes deste ano -- que teve um primeiro trimestre muito fraco, excluindo lançamentos de Oscar. Ainda é cedo para falar se o filme vai alcançar o patamar de E.T., Jurassic Park, Tubarão ou Indiana Jones. Dificilmente, vai se encaixar em filmes menos considerados do diretor como Inteligência Artificial ou Guerra dos Mundos. Mas, por hora, pode ter uma certeza: se quiser sentir nostalgia e se divertir com um bom passatempo, vá ver Jogador Nº 1. Não vai se arrepender.

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