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  • Foto do escritorMatheus Mans

Confira entrevista com Will Leite, criador da Dona Anésia


Uma senhora rabugenta e que fala o que vier na cabeça. Não há papas na língua, não há cuidados em poupar as pessoas de suas críticas ácidas e certeiras. Esta é a essência das histórias sobre a personagem Anésia, criação do cartunista paranaense Will Leite e que já conta com mais de um milhão de seguidores na página oficial da personagem das tirinhas no Facebook.

Agora, Leite está concluindo uma importante etapa na “vida” de Anésia: o financiamento coletivo do primeiro livro sobre a idosa, reunindo tirinhas publicadas na rede social ao longo dos últimos anos. “Financiar Anésia pelo Catarse não foi apenas uma alternativa, foi quase a falta de uma”, brinca o cartunista paranaense em entrevista concedida ao Esquina por e-mail.

Abaixo, os melhores trechos da conversa de Will e o Esquina. Em pauta, a personagem da Dona Anésia, os novos rumos dos quadrinhos brasileiros, o financiamento coletivo como solução para viabilizar as histórias em quadrinhos independentes feitas e desenvolvidas no Brasil e, é claro, os próximos projetos sobre os seus personagens que tanto fazem sucesso nas redes sociais.

Esquina: Me fale um pouco mais de seu projeto no Catarse. Como surgiu a ideia de levar a Anésia para o financiamento coletivo?

Will Leite: Financiar a Anésia - ou qualquer outro projeto meu - pelo Catarse não foi bem uma alternativa. Foi quase a falta dela (risos). Para um autor independente é sempre bem difícil publicar o seu trabalho. Eu não tinha grandes propostas vindas de editoras. Também não tinha mais de 20 mil reais para bancar o lançamento do livro. O que eu tenho são leitores que acreditam e admiram o meu trabalho. O Catarse veio para fazer a ponte entre eu e eles.

A campanha já está muito bem de resultado. O que mais você espera daqui pra frente? Quais suas expectativas com o projeto?

Já estamos na reta final. Confesso que estou bem satisfeito. O que eu espero daqui pra frente, sinceramente, é que eu tenha a menor quantidade de contratempos possíveis. Não vejo a hora dos apoiadores terem em mãos este quadrinho. Estou muito ansioso. Ainda mais do que eu estava no meu primeiro lançamento.

Você acha que o crowdfunding é a solução para a cena independente de quadrinhos no Brasil?

É a melhor solução que temos no momento, com certeza. O sistema do financiamento coletivo é muito claro. Não só isso. É divertido. A pessoa que apoia se sente realmente importante em todo o processo. Coisa que uma venda online convencional não proporciona.

Falando nisso, como você vê o mercado de quadrinhos hoje em dia no Brasil? O que falta nele?

Eu vejo com bons olhos e me sinto com sorte, de vivenciar este bom momento. Aliás, tenho orgulho de fazer parte e ser um exemplo de que com trabalho, dedicação e seriedade dá pra "pagar contas" com quadrinhos. Ficar rico é difícil. Mas os quadrinhos e o atual cenário tem me feito muito feliz.

Sobre seus projetos: de onde vem tanta inspiração para seus quadrinhos? De onde você tira as histórias?

Quando se trabalha com isso todos os dias, você aprende a ver quadrinhos em tudo. Não há muito esforço. Você só precisa estar ligado. A minha maior inspiração é a minha própria vida. Não quero dizer que eu sou super narcisista, egocêntrico, etc. Nem todas as tiras são autobiográficas (aliás, poucas são). O que quero dizer é que as tiras nascem de coisas que eu vejo, que eu assisto, que eu escuto.

Hoje em dia, quais nomes você destaca na cena de quadrinhos brasileira? E quem te inspira?

Eu acompanho muitos quadrinhos na internet. É o que mais consumo. Não queria que isso parecesse uma propaganda de amigos próximos, mas eu realmente admiro o trabalhos de alguns autores com quem trabalho e tenho afinidade: Wesley Samp, Pedro Leite, Rafael Marçal, Fábio Coala. No entanto percebo que na internet está brotando vários autores com uma linguagem que é a cara da internet: Crônicas de Wesley, Bom dia e Tal, Ângulo de vista. Estes são só alguns deles. Vejo como autores que surgiram nas redes sociais, e fazem conteúdo para para o público da própria rede social. São coisas que eu admiro muito, mas meus 30 e poucos anos não dão a menor chance de eu conseguir fazer algo parecido (risos).

Depois do livro da Anésia, quais seus novos projetos? O que você pensa em fazer daqui pra frente?

Publicar tiras diárias na internet me dá a possibilidade de ter conteúdo para um lançamento por ano. E é isso que eu pretendo fazer. Lancei o Will Tirando nº 1 em 2015, o Viva Intensamente em 2016 e este ano tá saindo o livro da Anésia. Mas nos próximos meses quero me dedicar ao meu projeto no Apoia.se (fincanciamento recorrente). Aliás, financiamento recorrente, assim como o crowdfunding, tem me feito olhar com bons olhos para o futuro dos autores independentes.

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