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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Festa' é filme pretensioso, mas que pode divertir


Até hoje, é possível contar nos dedos os filmes que conseguiram, de fato, alcançar um alto patamar alto em questão de qualidade tendo apenas um único cenário. Deus da Carnificina, do Polanski, é o mais conhecido. Hitchcock é o que obteve mais êxito, com os sensacionais Janela Indiscreta, Festim Diabólico e Disque M para Matar. E outros são deveras arriscados, como Dogville e Até o Fim. A Festa não entra na lista, mas é o mais divertido.

O longa, de Sally Potter (Ginger & Rosa), se passa inteiramente na casa de Janet (Kristin Scott Thomas), política de esquerda que é selecionada para comandar um ministério do governo britânico. Assim, ela decide dar uma pequena comemoração em sua casa com o marido (Timothy Spall), as amigas lésbicas (Cherry Jones e Emily Mortmer), a amiga fofoqueira com o namorado good vibes (Patrícia Clarkson) e um amigo da família (Cillian Murphy).

A partir daí, uma série de revelações começa a chocar a audiência e a causar um sério desconforto dentro os personagens, restritos à casa da protagonista. A cada cena, algum fato novo é trazido à tona e a sensação de que as coisas estão se complicando só aumenta.

O grande problema da trama é a pretensão de Potter em criar um produto intelectual, sendo que tem apenas uma história razoável Alguns personagens existem apenas para reverberar frases de efeito, como emissários da diretora/roteirista. É o caso de Cherry Jones e Emily Mortmer, que servem pouco à história e ficam à margem, com pouco efeito de decisão. Parecem que foram criadas apenas para dar volume ao filme e soltar obviedades.

Os ângulos de câmera e a fotografia em preto-e-branco também pouco dizem, parecendo mais uma pretensão da diretora em elevar a qualidade de seu produto. Não funciona.

Mesmo com esses problemas, impossível dizer que A Festa não tem os seus méritos. Bruno Ganz (o Hitler de A Queda) está divertidíssimo e rouba a cena quando aparece, dando leveza à algumas subtramas realmente complicadas. Patrícia Clarkson (Maze Runner) também diverte, mas tem um quê de artificial. Kristin Scott Thomas (Tomb Raider) e Cillian Murphy (Dunkirk) cumprem bem os seus papéis. Só Emily Mortmer (A Livraria) destoa.

A ambientação e a qualidade de Potter em filmar em um único local -- ainda que, às vezes, tenha problemas de ritmo e edição -- também chama a atenção. Mas é uma virada final, nos últimos segundos, que realmente surpreendem e fazem a história valer a pena. Difícil segurar a gargalhada e arfar de incredulidade com o que se passa na trama.

Assim, A Festa é um filme lotado de problemas: é pretensioso, perde o ritmo, tem personagens sobrando, características técnicas que não dizem nada, situações que não encaixam. Mas, ainda assim, é um filme que diverte e que não pode ser considerado uma perda de tempo por ter apenas parcos 75 minutos. É uma diversão breve, original e engraçada.

 

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