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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Amigos para Sempre' é bom remake de 'Intocáveis'


O longa-metragem Intocáveis foi um sucesso absoluto de bilheteria e, rapidamente, se tornou o filme francês mais visto em todo o mundo -- vendendo cerca de 25 milhões de ingressos em salas internacionais. Não foi surpresa, então, quando começaram a pipocar as primeiras informações de que a história da amizade de um cadeirante rico e de um cuidador inexperiente ganhasse remakes e outras roupagens. O País mais rápido no gatilho foi a Argentina, com o fraquíssimo Inseparáveis. Pouca inovação, poucas mudanças. Agora é a vez dos EUA dar sua visão da história com Amigos para Sempre.

Sendo um remake, já fica claro que a história é, basicamente, a mesma da trama francesa. Dell (Kevin Hart) é um rapaz pobre que saiu há pouco tempo da prisão, e que tenta apenas sobreviver. A coisa muda de figura, porém, quando ele conhece Phillip LaCasse (Bryan Cranston), um milionário tetraplégico que busca alguém para cuidar de suas necessidades básicas, como alimentação, troca de roupa e locomoção. Mesmo sob os protestos de sua empresária Yvonne (Nicole Kidman), o ricaço acaba contratando Dell e dando uma nova visão de vida para o funcionário -- e vice-e-versa, principalmente.

Ao contrário da versão argentina, que se limitou a apenas mudar os atores, Amigos para Sempre se permite fazer algumas alterações na trama -- baseada na vida real dos protagonistas. Dell, por exemplo, passa a ter um filho, com quem precisa arcar com algumas obrigações -- na versão francesa, enquanto isso, é a mãe. Por mais incrível que pareça, faz bem mais sentido a obrigação de pai para filho. Além disso, a personagem de Yvonne, obviamente, ganha mais função na história -- não colocariam Nicole Kidman à toa ali, não é mesmo? De resto, poucas grandes mudanças. A base, então, está ali.

Como história, então, há vários pontos elogiáveis. Afinal, a trama original é muito boa. A relação entre Phillip e Dell é divertida, espirituosa e cria vínculos sinceros com a audiência. A direção de Neil Burger (Divergente, O Ilusionista) é operática, sem muita criatividade, e vai na esteira do que Eric Toledano e Olivier Nakache fizeram na versão original. A única coisa é que ele acrescenta alguns aspectos culturais, como uma música de Aretha Franklin e o uso da assistente Alexa. Outro que parece seguir uma planilha é Cranston (Trumbo), que parece preso ao trabalho feito por François Cluzet.

O único em cena que vai além é Kevin Hart (Jumanji: Bem-Vindo à Selva). Ainda que limitado dramaticamente, o ator consegue criar em cima de seu personagem e não fica preso ao que Omar Sy apresentou anteriormente. É sinceramente divertido e o personagem, de certa forma, evolui -- principalmente por conta da relação dele com o filho. Pena que o roteiro de Jon Hartmere fique simplório demais em alguns momentos e pareça que toda a relação familiar com Dell se resuma à dinheiro. Poderia ir além. E destaque também para Kidman (Aquaman), que se sai bem em cena quando preciso.

Amigos para Sempre é um filme desnecessário e que conta uma história já amplamente conhecida -- afinal, como já dito, teve 25 milhões de ingressos vendidos só fora da França. É estranha essa obsessão em recontar essa história tantas vezes. Mas, a partir do momento que se dá uma chance para ela, pode divertir de novo com novos olhares e sensações. E se esse remake abrir as portas para que mais pessoas conheçam essa história tão divertida, humana e sensível, ótimo. Talvez seja para isso que as adaptações sirvam, por mais que não façam tanto sentido num primeiro momento.

 

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