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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Carteristas', da Netflix, se perde em trama vazia


A Netflix está cada vez mais expandindo suas áreas de atuação sobre o entretenimento. Agora, já não bastam apenas as grandes produções americanas. Investir em séries ou em filmes originais locais é cada vez mais importante para a empresa de streaming, que vê um encolhimento gradual de seu catálogo conforme as gigantes do cinema se afastam e criam seus próprios serviços de streaming. A produção colombiana Carteristas é mais um filme que vai nesse sentido.

No centro da trama, como o título dá a entender, um grupo de batedores de carteiras que agem das ruas de Bogotá. Jovens e vivendo à margem da sociedade, eles buscam sustento nos pequenos furtos que cometem. No entanto, Fresh (o estreante Emiliano Pernía) e Doggy (Dubán Andrés Prado, de Narcos) se cansam do abuso de seu líder e acabam indo parar nas asas do policial corrupto Chucho (Carlos Bardem, de Che 2), que comanda uma região menos violenta.

E assim se desenvolve o filme com ares de Nove Rainhas, mas com o resultado de uma produção B latino-americana. Afinal, quase tudo fica fora de tom em Carteristas. A começar pela direção confusa do britânico Peter Webber (do bom Moça com Brinco de Pérola), que não consegue criar a atmosfera de uma cidade como a de Bogotá -- afinal, nem colombiano ele é. Tudo que envolve a trama é artificial e seus ligamentos são confusos, mal-encaixados e pouco convincentes.

O diretor perde a chance de construir cenas memoráveis. Lembra da cena de Truque de Mestre 2, quando os ladrões-mágicos ficam trocando um produto roubado entre eles num plano-sequência? Aqui, isso poderia ter acontecido diversas vezes -- principalmente numa cena em uma casa de ópera --, mas nunca chega às vias de fato. Webber apenas ameaça e nunca cumpre.

Além disso, que desastre a construção dos personagens! Ao contrário da série La Casa de Papel que, apesar de seus erros, cria um forte vínculo entre a audiência e ladrões, Carteristas falha terrivelmente nisso. Em momento algum você sente empatia por Fresh, Doggy ou por Juana (Natalia Reyes, de novelas colombianas), que entra posteriormente no time -- coisa, aliás, terrivelmente explicada. Carlos Bardem está melhor, mas é podado pelo péssimo roteiro.

Por fim, pode-se dizer que Carteristas é um filme de relativo potencial, que poderia misturar a sagacidade de Nove Rainhas, com a filmagem de Truque de Mestre e a agilidade das ruas latinas de Sete Caixas. Mas nada disso aparece e esse novo filme da Netflix, comprado já na ilha de edição pelo serviço de streaming, é uma perda de tempo, potencial e dinheiro. Mais um erro do serviço de streaming.

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