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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Pacto de Redenção' é bom filme de Michael Keaton, mas sem novidade



Difícil não ter uma surpresa agradável ao olhar a ficha técnica de Pacto de Redenção, longa-metragem que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 26. O longa-metragem não apenas é a segunda experiência do astro de Os Fantasmas Ainda se Divertem na direção de um filme (após o pouco conhecido Má Companhia), como também tem bom elenco, com o próprio Keaton no papel principal e, ainda, James Marsden como filho de Keaton e Al Pacino como um amigo.


Mas será que há algo para além do bom elenco? A história tem algo de interessante, mas quase nada de original. Na trama, Keaton é um assassino profissional que está sofrendo com uma demência ainda mais forte do que o Alzheimer. Sua memória está sumindo -- evaporando. E é depois de um trabalho fracassado que ele começa a perceber que sua memória pode estar lhe pregando peças, ainda mais quando tenta ajudar o filho a se livrar de um grave problema.


É uma história que já vimos por aí aos montes: recentemente, Russell Crowe protagonizou o filme de um policial perdendo a memória (A Teia, filme bem fraco) e ainda temos, na conta, um longa-metragem que se aproxima demais deste novo longa, com Assassino Sem Rastro, filme de ação protagonizado por Liam Neeson. Falar sobre crime e memória não é, assim, novidade.



Pacto de Redenção, assim, tem pouco, pouquíssimo a contar de novo. Apesar da empolgação de ver Keaton novamente em um filme de ação sem firulas e collants, distribuindo tiro, porrada e bomba, o longa-metragem parece ter medo de se assumir como ação -- em muitos momentos, o filme está mais para suspense, ainda que também não consiga absorver o gênero para si.


Nessa indecisão, sem saber por qual lado seguir, Keaton parece mais empolgado em dirigir cenas de seu personagem conversando com o amigo vivido por Al Pacino do que criar, de fato, uma história. Falta empolgação no filme no geral, assim como falta vontade de inovar. Quinze anos depois de dirigir seu primeiro longa-metragem, Keaton traz pouca coisa nova à tela -- talvez o mais divertido, além dele mergulhado no cinema de ação, seja o visual todo da coisa.


Aliás, o roteiro de Gregory Poirier, que tem seu melhor trabalho em A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos e conta com pérolas no currículo como Guerra dos Biquínis, é outro ponto que ajuda o filme a não avançar. Poirier se vale de muitas facilitações de roteiro, colocando toda problemática da memória à serviço de seu texto -- nunca faz com que isso seja um desafio. O personagem de Keaton parece esquecer apenas aquilo que lhe é conveniente. Fica difícil.


Assim, Pacto de Redenção pode até empolgar o fã saudosista de cinema de ação dos anos 1980 -- década, aliás, que poderia fazer deste longa-metragem um grande sucesso. Mas, lembrem-se, estamos em 2024 e nada disso é novidade. Parece reciclagem da reciclagem, sem ousadia e criatividade. No segundo filme dirigido por Keaton, com Al Pacino à disposição no elenco, dá para esperar algo um pouco mais potente, talvez até mais charmoso. Mais do mesmo não dá.

 

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