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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Histórias Estranhas' é filme instável, mas corajoso


Antes de tudo, é preciso ressaltar como Histórias Estranhas é um filme corajoso e guerreiro por chegar aos cinemas. Produção independente de terror, o longa reúne oito curtas que falam sobre assuntos diversos, mas que encontram união temática ao falarem sobre fantasias, medos, assombrações. É, sem dúvidas, um feito e tanto de Ricardo Ghiorzi, diretor e idealizador do projeto, em reunir nomes do terror nacional e produzir algo que, agora, chega ao grande público pelo Projeta às 7, da rede Cinemark.

Mas, apesar desse aspecto diferencial, há problemas graves em alguns dos curtas que precisam ser ressaltados. Por ser uma coletânea, vamos especificar as classificações:

Ótimo

Há dois bons destaques aqui: os curtas Invisível e Apóstolos. O primeiro, dirigido por Filipe Ferreira, acompanha a jornada de um homem invisível no mundo real. Sai de casa, se apaixona, tem um filho. Mas, claro, a vida não é fácil e o desfecho é trágico. Pincelado com momentos divertidos, é o curta mais espirituoso e original. Causa boa sensação. Já Apóstolos, que encerra a coletânea e é dirigido por Marcos DeBrito, acerta ao trazer provocações típicas do cinema de horror. Causa expectativa, brinca com os sentimentos e fecha com chave de ouro. A vontade é ver mais sobre essa história.

Bom

Tem um único curta com essa classificação: o inventivo e divertido Mulher Ltda. Com uma boa crítica social e dirigido pela única mulher do grupo, Taísa Ennes, a história mostra dois amigos que começam a ressuscitar mulheres bonitas em um necrotério para vendê-las como objetos. Bonecas, praticamente. A ideia é toda muito boa, apesar da injeção que reanima mortos não ser uma novidade, e tem um visual contagiante. Só não é melhor por conta do final, um pouco disperso. Daria, sem dúvidas, ótimo longa.

Regular

O curta A Mão é cheio de estranhezas, mas tem uma ideia e um visual interessantes -- além de ser o mais ousado em termos de efeitos práticos. Dirigido por Kapel Furman, a história acompanha a jornada de criaturas que caçam humanos para sobreviverem meio aos demais. O visual de tais monstros é muito bem feito, e assusta. Além disso, há uma sacada final divertida. Só que podia ter ido um pouco além para ser melhor. Já Sete Minutos para a Meia-Noite, dirigido pelo próprio Ricardo Ghiorzi, acerta pela tensão de uma situação que envolve um pacto com o maligno. Mas também parece que faltou algo.

Péssimo

O curta que abre os trabalhos de Histórias Estranhas, infelizmente, está nessa categoria -- o que mostra como a ordem também não foi bem pensada aqui. É Ninguém, história que mostra um homem solitário em busca de algo, desesperadamente. Tudo aqui é jogado, sem explicações, e não causa absolutamente nada. Nem medo, nem repulsa, nem desespero. Nada. História que passa batida e não vai ser lembrada por ninguém. A outra é No Trovão, na chuva ou na tempestade, que possui um efeito muito parecido: nada surge dali. Nem interesse, nada. Só uma passividade que contagia por completo.

Inassistível

Agora, a cereja do bolo do desastre total é o péssimo Os Enamorados. Começa falando sobre uma energia que é liberada do orgasmo. Logo em seguida, um casal de namorados dormindo na cama. E, depois, o caos. Monstros surgem na tela, devaneios, sonhos onanísticos e tudo mais que possa ser possível. Nada faz sentido com nada e não há interesse algum em saber o que aquilo tudo representa na mente do diretor Claudio Ellovitch. É uma ousadia boba, sem pé nem cabeça, que só dá desespero por ser perda de tempo. Como um colega na exibição disse, alunos de cinema no primeiro ano, da turma do fundão, conseguem fazer trabalho bem mais interessante.

Ou seja, em resumo: filme com algumas ideias interessantes, dois ótimos curtas, e outros que transitam na instabilidade natural da coletânea. Dessa forma, é regular.

 

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