top of page
Buscar
  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Homem-Aranha: Através do Aranhaverso' é espetáculo visual, mas que falha na história


Ninguém esperava muito de Homem-Aranha no Aranhaverso. Sim, o visual era encantador já na divulgação, mas, na época, havia a sensação de que o Cabeça de Teia estava no limite – naquele momento, três atores já tinham vestido o manto de Peter Parker. Já não bastava? Não: a Sony Pictures conseguiu mostrar ao mundo que faltava uma animação. Fez US$ 400 milhões de bilheteria, venceu o Oscar e, agora, ganha a sequência Homem-Aranha: Através do Aranhaverso.


Estreia desta quinta-feira, 1, o novo filme traz Miles Morales, queridinho do público e que consegue ser ainda mais divertido e interessante do que Peter Parker, passando pelo processo de crescimento. É o meio da adolescência, ele começa a ficar cada vez mais adulto. Sua vida se transforma com a picada de aranha que lhe deu poderes e, agora, tenta conciliar isso com a consciência de que há um universo paralelo com Gwen, a Mulher-Aranha que o conquistou.


No entanto, o que poderia ser um drama romântico dividido por multiversos se torna rapidamente um típico filme de franquia. Apesar de todo o sopro de criatividade do primeiro longa, a sequência mostra que Miles e todo o Aranhaverso estão trabalhando em prol de mais filmes, mais sequências, mais personagens. A preocupação com a história impactante dá lugar à preocupação de se criar uma nova saga. Com isso, muito daquele encantamento juvenil some.


Os 140 minutos de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso fazem com que a franquia ganhe ares complexos – a história, de Phil Lord e Christopher Miller, se torna confusa e cansativa em vários momentos. Afinal, há uma busca incessante por ampliar tudo aquilo que a gente viu antes para um cenário de multiverso que pode visitar, inclusive, outros produtos do estúdio, como os filmes de Venom, Mulher Teia, Kraven e por aí vai. Fica a sensação de que é mais um produto.


Lembra bastante o tratamento do multiverso que já vimos em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e, principalmente, na série Loki. Será que não tinha outro formato, uma outra ideia?

Muito dessa sensação é acentuada por conta também das circunstâncias que o filme chega aos cinemas. Miller e Lord estavam escrevendo o segundo filme quando perceberam, durante o processo, que eles precisavam dividir essa história em dois. Ao Collider, a dupla diz que, enquanto escreviam o texto, notaram que Miles Morales e Gwen Stacy tinham uma jornada própria, um arco bem definido, com “começo, meio e fim”. Saem transformados.


Mas, apesar dessa percepção, não é isso que é traduzido na tela. Lembrando a primeira metade de capítulos finais como Harry Potter, Jogos Vorazes e, mais recentemente, Velozes e Furiosos, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso traz a sensação de uma conversa interrompida. Algo que era para ser, mas não foi. A história fica muito tempo andando em círculos, tentando definir novos personagens, novos universos, novas dinâmicas – algumas, até, abrindo furos na trama.


O grande vilão do filme, Mancha, é uma das sacadas mais criativas dessa nova história. Ele é estranho, divertido, desafiador. Um vilão que só funcionaria, de fato, nos traços dos quadrinhos ou de uma animação. Mas ele também é deixado de lado, enquanto o filme tenta se decidir por qual caminho seguir. No terceiro ato, enquanto isso, outros vilões surgem, vira um amontoado. Não aprenderam nada com Homem-Aranha 3? Menos é mais. O filme se atrapalha.


Apesar disso, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso continua a acertar no ponto mais positivo do primeiro longa: o visual. Com mais de 1 mil artistas envolvidos no desenvolvimento, este segundo filme é uma explosão de cores, de ideias, de traços, de estilos, de caminhos.


O mundo de Gwen, por exemplo, parece saído de uma aquarela. Um Abutre no começo do filme parece ter os traços de Da Vinci. E por aí vai. Segundo a Sony Pictures, mais de 1 mil artistas participaram do filme. Algo sem precedentes e que, mesmo com uma história esquecível, coloca o filme em outro patamar. Dá pra fazer coisas incríveis com desenhos. Eis aqui uma prova disso.

 

0 comentário
bottom of page