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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Homem Perfeito' diverte, mas escorrega na mensagem


Muitos filmes tentam encontrar mensagens, significados, motivos para existir -- além das emoções que um longa-metragem pode causar com seu gênero e história. O Homem Perfeito, nova comédia nacional que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 27, tenta ir além do riso fácil, inflando a necessidade de uma mensagem para permear a trama. Porém, a busca incessante por significados acaba por derrubar o filme como um todo, deixando-o refém de seus propósitos e sem, de fato, fazer jus aos seus objetivos.

O longa-metragem conta a história de Diana (Luana Piovani), uma ghostwriter que está cansada de ver seu marido Rodrigo (Marco Luque), um quadrinista preguiçoso, sem objetivos na vida. Assim, decide pôr um fim no relacionamento. Mas quando bate o arrependimento, a fila andou e o rapaz já engatou um relacionamento com a bailarina Mel (Juliana Paiva). A vida de Diana, então, vira um caos: ao mesmo tempo que fica responsável de escrever a biografia do rockeiro Caíque (Sérgio Guizé), ela também cria um perfil falso no Facebook para tentar arrefecer a paixão da garota pelo ex-marido.

Em diversos momentos do longa-metragem, o diretor Marcus Baldini (Uma Quase Dupla) e as roteiristas Tati Bernardi (Meu Passado me Condena) e Patrícia Corso (Qualquer Gato Vira-Lata) dão um ar de ativismo para a história. Várias vezes, por exemplo, a personagem de Luana Piovani reclama de como algumas das atitudes de determinado personagem são machistas ou, então, a arrogância de Caíque é elevada para caricaturar, ao máximo, o tipo de personagem que tenta representar na telona.

No entanto, logo em seguida, tudo vai ralo abaixo: a história, como um todo, tem meandros machistas -- duas mulheres competindo para fisgar um homem que não as compreende ou respeita -- e desinfla o impacto do longa-metragem. A mensagem, que parece inserida de maneira superficial e sem muito cuidado com o todo, também fica repetitiva e sem sentido. E quando ela pode ser salva, com um final surpreendente e pouco usual, tudo é perdido novamente com uma reviravolta fraca e sem impacto.

O filme, então, funciona apenas como uma comédia romântica morna. A história, se ignorar a mensagem incoerente com a narrativa, pode funcionar por algumas situações absurdas e divertidas, como uma cena entre Piovani e Guizé num carro. Além disso, é divertido também ver algumas das sequências de troca de mensagens entre as personagens de Piovani e Juliana Paiva. A direção foi acertada nas reações e a pós-produção se mostrou em extrema sintonia com a condução da trama. Gostoso de ver.

O que dá um gás ao longa-metragem, além desses bons momentos, são as atuações de duas pessoas: Sérgio Guizé (Além do Homem) e Juliana Paiva (O Tempo Não Para). Ele encarnou seu personagem com segurança e detém os melhores momentos, causando riso com frases e situações absurdas -- que, ainda assim, podem ser encontradas em pessoas por aí. Já Paiva, sempre vista em novelas da Globo, convence como a menina ainda insegura, mas cheia de si, que tenta encontrar espaço na sociedade. Tem futuro no cinema.

Só Piovani (A Mulher Invisível) e Marco Luque (CQC) são mais do mesmo. Ele, aliás, continua péssimo: é artificial e tenta encaixar as piadas em risos fáceis. Não funciona.

O Homem Perfeito é uma comédia romântica que, se não fosse a tentativa infrutífera de encontrar uma mensagem e, principalmente, tivesse um pouco mais de visão sobre a história como um todo, seria bem melhor. Acaba sendo, então, um entretenimento morno passageiro. Quem vê pode rir e se entreter. Mas dificilmente irá lembrar do longa daqui algum tempo., que não consegue trazer elementos originais ou marcantes, num ano que está sendo dominado pelos bons filmes de riso. É só mais um na multidão.

 

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