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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Parque dos Sonhos' acerta nos personagens e no visual


Em 2018, o cinema de animação não apresentou grandes filmes para o público. Com exceção de Tito e os Pássaros e Homem-Aranha no Aranhaverso, a maioria das produções do gênero foram de medianas para baixo -- como é o caso do fraquíssimo WiFi Ralph e do polêmico Os Incríveis 2. Já em 2019, o gênero começa com o pé direito com a estreia do divertido O Parque dos Sonhos. Ainda que não seja incrível e não quebre o estigma do ano passado de animações apenas razoáveis, o filme consegue entreter, divertir e fazer passar o tempo de maneira leve e quase inofensiva.

A trama gira em torno de June (Brianna Denski), uma garotinha de mente fértil que cria um parque de diversões imaginário junto com a mãe (Jennifer Garner). Ela, no entanto, desiste de continuar brincando com a criação desse lugar quando ela se vê numa situação complicada, onde a mãe vai precisar se afastar para tratar uma doença e todas as obrigações do dia a dia ficarão a cargo do pai (Matthew Broderick). Aí surgem situações, encontros e desencontros, até que ela acaba indo parar nesse parque mágico, comandado por Peanut (Norbert Leo Butz), Greta (Mila Kunis), Steve (John Oliver), Gus (Kenan Thompson), Cooper (Ken Jeong) e o divertido Boomer (Ken Hudson Campbell).

Ao contrário do esperado, O Parque dos Sonhos, felizmente, não é um espelho do que aconteceu nos bastidores -- Dylan Brown, animador de Os Incríveis, foi dispensado da função após surgirem denúncias de abuso sexual; David Feiss (da série A Vaca e o Frango) assumiu a direção, mas sem crédito. Ou seja: não há diretor oficial no filme. Mas mesmo assim ele é coeso e segue uma interessante história de redenção, com a mensagem de acreditar em si próprio o tempo todo e coisa do tipo. Os pequenos devem se divertir e os adultos, ainda que um pouco entediados, podem rir e se emocionar.

Não há momentos grandiosos no filme, muito por conta do roteiro plano de Josh Appelbaum (As Tartarugas Ninja) e André Nemec (Missão: Impossível - Protocolo Fantasma). É uma história óbvia, que até reverbera na trama do delicioso Divertidamente, e que segue um caminho protocolar. O que se sobressalta aqui são os personagens. Difícil não se apaixonar pela ingenuidade de Boomer, pela sagacidade de Greta, pela agilidade de Cooper e Gus e, principalmente, pelo romântico e prestativo Steve. São personagens bem construídos que abrem margem para futuras e possíveis continuações. Só Peanut, tido como principal do bando, que é deixado de lado.

O visual também chama a atenção. É colorido, bem feito. Os vilões -- macaquinhos de pelúcia que eram vendidos como brindes no parque -- lembram os divertidíssimos ETs de Toy Story com frases pré-programadas e estilo robótico. Também poderiam ser melhores aproveitados, mas funcionam no que são exigidos. Afinal, o vilão real é a própria protagonista, que para de acreditar em si e faz com que o parque pare de funcionar. Não é preciso vencer, de fato, os macaquinhos. Mas sim o "eu interior" dessa personagem. Nesse ponto, aliás, crianças podem se decepcionar esperando algo a mais.

O Parque dos Sonhos é um filme visualmente gratificante, bom para crianças e adultos e com personagens realmente cativantes. Difícil sair da sessão sem desejar ter um colecionável de pelo menos um dos personagens. Pena que a história seja tão rasa e com uma originalidade frágil. Só pensar mais um pouco que filmes parecidos pipocam na mente. Ainda assim, é divertimento garantido com uma animação bem dublada, bem feita e que deve fazer uma boa bilheteria nesse começo de ano sem competir com outros filmes do gênero. Não é a salvação da animação. Mas melhora a qualidade geral.

 

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