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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Os Estranhos: Caçada Noturna' diverte, mas é genérico


Um assassino -- ou um grupo deles -- com sede de sangue e sem um motivo aparente. Um ambiente claustrofóbico, pouco amigável e difícil de escapar. E um conjunto de vítimas sem capacidade de raciocinar. Essa é a premissa de dezenas filmes, indo dos recentes Hush e Uma Noite de Crime passando pela paródia O Segredo da Cabana e indo até clássicos, como Pânico e Violência Gratuita. Em suma, um clichê narrativo à exaustão.

Agora, chega mais um filme pra engrossar essa lista: o longa-metragem Os Estranhos: Caçada Noturna, lançamentos dos cinemas desta quinta-feira, 7. Continuação de um filme totalmente esquecível de 2008, com Liv Tyler, Caçada Noturna é a típica sequência que ninguém pediu, ninguém queria. Mas está aí, pronto para dar alguns sustos e arrecadar milhões em bilheterias ao redor do mundo com uma história batida e sem surpresas.

Os Estranhos: Caçada Noturna acompanha uma família que decide passar um tempo no campo, nos chalés comandados por tios da família. Chegando lá, tudo muito estranho. Uma menina bate à porta e pergunta se uma tal de Tamara se encontra na casa. Não, não tem ninguém com esse nome, respondem os pais. Logo mais, porém, a mesma garota volta a aparecer. E aí começa uma caçada humana, onde um grupo de psicopatas tenta matar a família.

Todos os clichês possíveis e imagináveis desse gênero estão aqui: desde o grupo que se separa -- dezenas e dezenas de vezes --, passando pelas máscaras sombrias e indo até burradas recorrentes dos personagens, como deixar uma arma de lado ou esquecer que existem carros no mundo. São bobagens que vão se aglutinando e dando aquela sensação de familiaridade da trama. É a bom e velho sentimento de "sim, eu já vi esse filme antes".

No entanto, ao contrário do que Hush e A Morte te Dá Parabéns fizeram, ao reverter alguns aspectos genéricos do subgênero para manter viva a atenção do espectador, Os Estranhos fica nessa zona de conforto e familiaridade o tempo todo. Ainda que tenha uma trilha sonora surpreendentemente boa e uma cena na piscina de tirar o fôlego, não há nada que o distingua de outras bombas do gênero -- ou, até, do primeiro filme da franquia.

E essa sensação, claro, não fica apenas na narrativa. Os atores estão na automático: Christina Hendricks (Doce Argumento) não tem espaço pra fazer alguma coisa; Lewis Pullman (Guerra dos Sexos) não faz nada de interessante e Martin Henderson (Grey's Anatomy) parece uma criança de tão afetado na interpretação. Só Bailee Madison (The Fosters) tem destaque, ainda que comece daquele tradicional jeito de adolescente rebelde.

O final cresce em termos de ambientação com uma trama que vai se tornando claustrofóbica -- como o diretor Johannes Roberts sabe muito bem fazer após o ótimo Medo Profundo. A sensação de familiaridade com a história, ainda que permaneça ali, dá lugar à um sentimento mais interessante de aflição. Por entender a personagem na tela, você quer que as coisas saiam do jeito certo. Talvez, o único ponto certeiro do roteiro.

Afinal, Os Estranhos: Caçada Noturna é um filme que diverte, claro, mas que não chega a lugar algum, não traz nada de diferente, não inova, não ousa, não cria. Fica na zona de conforto para tentar ser o terror slasher da vez. Não tem pique de ficar marcado na história do gênero -- assim como o primeiro -- mas deve agradar quem for ao cinema em busca de uma bobagem qualquer.

 
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