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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Rindo à Toa' conclui bem dupla de documentários sobre humor


No documentário Tá Rindo de Quê?, lançado no início de 2019, o trio de diretores Alê Braga, Álvaro Campos e Cláudio Manoel fez um panorama sobre o humor nos tempos da Ditadura Militar. Dentre outras coisas, passou por programas clássicos como Família Trapo, A Praça é Nossa e Os Trapalhões. Agora, o trio de cineastas volta às salas de cinema com o segundo filme dessa "duologia". É Rindo à Toa, documentário que se aprofunda na era pós-Ditadura e que mergulha nos programas de TV da nova geração.

A linguagem continua a mesma. Entrevistas e imagens de arquivo vão se alternando, na clássica montagem de documentários que relatam histórias e movimentos. Não há grandes rupturas, grandes ápices criativos. Tudo segue uma mesma toada, de maneira tranquila, e sem atropelos. O foco, aqui, são programas, revistas e cartoons que surgiram a partir da década de 1980, como o Casseta & Planeta, Sai de Baixo, TV Pirata, Programa Legal e até coisas mais recentes, da MTV, como o Hermes & Renato.

Ao contrário do primeiro filme, Rindo à Toa tem uma ordem temporal mais organizada e as coisas fluem bem. Afinal, não há o limitador de falar sobre humor na ditadura -- coisa que, de alguma forma, foi o Calcanhar de Aquiles do primeiro filme. Aqui, há mais liberdade e o foco, aparentemente, é o humor subversivo que nasceu a partir do fim da censura. Os humoristas, redatores, cartunistas e jornalistas, afinal, tinha uma liberdade pouco experimentada e conseguiam trafegar por águas virgens. Havia mais espaço.

Por isso, o documentário se comporta bem. Passeia por momentos históricos da TV e, ainda, traz um debate importante, que corre solto, sobre os limites do humor. Há barreiras? É preciso seguir o politicamente correto? O que é o politicamente correto? O melhor dessa discussão surge de inserções, principalmente, de Marisa Orth (a eterna Magda de Sai de Baixo), de Miguel Falabella (Caco Antibes, também do Sai de Baixo) e dos cartunistas Angeli e Laerte. Trazem boas discussões e se mostram humildes.

No entanto, apesar desse segundo capítulo acertar bem mais que o primeiro, há problemas visíveis na edição. O Casseta & Planeta e TV Pirata, por exemplo, aparecem muito mais tempo em tela do que programas especiais e que marcaram gerações como Sai de Baixo -- que passa voando, em pouquíssimos minutos. Teria sido muito mais interessante uma divisão mais igualitária. Além disso, faltam personalidades do humor da década de 1980. Cadê Vera Verão, por exemplo? Ou as Escolinhas?

Por fim, Rindo à Toa poderia ter caminhado um pouco mais em seu final. Podia ter incluído programas como o CQC e o Pânico, que marcaram bem mais gerações do que Hermes e Renato. E, ainda, poderia ter incluído o stand-up que, apesar de ter sido introduzido no Brasil pelo veterano José Vasconcellos, começou a fazer muito sucesso com Rafinha Bastos, Maurício Meirelles e afins. Teria dado um tempero a mais na polêmica do politicamente incorreto. E teria deixado o documentário ainda mais atual.

 

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