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Crítica: ‘Terremoto em Lisboa’ é boa antítese dos filmes-catástrofe de Hollywood

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

É inevitável: quando falamos de filmes sobre terremotos e grandes catástrofes, pensamos em nomes como Roland Emmerich, que elevaram essas histórias de sobrevivência à enésima potência. Pensamos em nomes como Gerard Butler, Bruce Willis, Dwayne Johnson ou John Cusack, que passaram por todas as catástrofes naturais possíveis. Por isso é tão interessante assistir a um filme como Terremoto em Lisboa, na contramão disso tudo.


Dirigido por Rita Nunes e estreia nos cinemas desta quinta-feira, 29, o longa-metragem passa longe de estar interessado em falar sobre a tragédia em si. Em pouco tempo, apenas 1h10 de duração, o filme acompanha um grupo de cientistas que detecta um terremoto de grande escala que está se aproximando de Portugal. Logo lembram do Grande Sismo de 1755, que destruiu boa parte de Lisboa e transformou o país no “inferno na Terra”.


Rita, ao lado do roteirista João Cândido Zacharias, está interessada no antes, nos momentos em que o terremoto é descoberto, nas maneiras de salvar vidas e, acima de tudo, nas burocracias que envolvem isso. A politicagem de uma decisão dessa, de avisar o país todo e juntar esforços para salvar vidas, ganha o primeiro plano. É interessante ver o jogo político dos personagens, as diferentes opiniões e como tudo isso se comporta.


Até que ponto vai o trabalho da ciência? Como ciência, política, burocracia e relações públicas se entrelaçam em um momento assim? Como um cientista deve agir, pensar?

São essas as perguntas que Rita e Zacharias buscam responder, nem sempre com respostas fáceis, mas colocando Terremoto em Lisboa em um bom patamar de cinema-catástrofe, longe das bobagens que afogaram os cinemas principalmente nos anos 1990 e 2000. Há ideias concretas aqui e não apenas mais do mesmo, conceitos reciclados.


Uma pena, porém, que o longa-metragem de Rita Nunes pareça não ter recebido o investimento necessário para ter um acabamento mais refinado. Terremoto em Lisboa não consegue alcançar a força necessária em momentos essenciais, principalmente quando precisa ter muitos figurantes em cena ou quando o uso de efeitos especiais se faz necessário. É evidente a falta de dinheiro, optando por um caminho visual pouco crível.


O elenco também não se destaca, com atuações que vão desde apáticas, como a de Miguel Nunes, até alguns atores com um pouco mais de força em cena, como a protagonista Sara Barros Leitão, que vive a cientista Marta. No entanto, quando o drama fica mais carregado, principalmente no terço final, as atuações caem ainda mais em um limbo pouco feliz.


Apesar dessas escorregadas, porém, Terremoto em Lisboa é um filme ousado e interessante. Discute o papel da ciência em tempos de achismos, quebra estereótipos desse cinema cansado e consegue convencer com uma história que, mesmo com limitações técnicas e financeiras evidentes, tem algo a dizer e nos fazer pensar.


E o melhor: ficamos no dilema de torcer para que os cientistas não sejam crucificados por um erro gigantesco enquanto permanece também uma torcida para que tudo não passe de um alarme falso. Sentimentos conflitantes e que fazem com que a experiência toda, no geral, seja mais do que positiva. Curioso para mais trabalhos da diretora.


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