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Nos últimos tempos, está cada vez mais agradável ver a empreitada de cineastas brasileiros no terror e na fantasia. Já temos horrores com forte crítica social (As Boas Maneiras, Trabalhar Cansa), suspense alienígena (A Pedra da Serpente) e thrillers americanizados (Isolados, O Rastro). Agora, chega mais um filme para mostrar, mais uma vez, como o Brasil sabe fazer horror. É o interessante Mal Nosso, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 14, falando sobre exorcismo e afins.
A trama, escrita e dirigida por Samuel Galli, acompanha a jornada de Arthur (Ademir Esteves), um homem que decide contratar um serial killer (Ricardo Casella) para proteger, de certa forma, a filha (Luara Pepita) de um possessão demoníaca. É a deixa para uma história cheia de momentos tensos e seres sobrenaturais, magistralmente maquiados por Rodrigo Aragão (diretor de Mata Negra e A Noite dos Chupacabras).
A grande aposta do filme está, claramente, em dois pilares. O primeiro é o já citado trabalho de efeitos especiais. A maioria das criaturas está muito bem feita, causando um real impacto em quem está assistindo -- um ser que investe contra o jovem Arthur (Fernando Cardoso) está especialmente cativante e assustador. É algo quase inédito neste gênero aqui no Brasil, sendo visto trabalhos semelhantes apenas nos filmes de Aragão, é claro. O cinema de criaturas fantásticas merece mais atenção no País.
O outro ponto é a história, escrita por Galli. Ainda que muitos diálogos sejam artificiais, tirando o espectador da história, ela funciona no geral e ajuda a levar a pessoa por suas tramas, reviravoltas, suspenses. A trilha sonora, composta por Gustavo e Guilherme Garbato (Quando Eu Era Vivo), também ajuda a "entoar" a narrativa. Os poucos jump scares funcionam e dão sustos de pular da cadeira. E o medo vai se instaurando aos poucos, ainda que seja mais uma história assombrada do que um filme que assombra.
O problema dos diálogos, porém, são evidenciados por conta dos atores. Em sua maioria estreantes, eles não conseguem dar a naturalidade que as conversas exigem. Tudo parece muito ensaiado, artificial. É compreensível que o filme tenha tido a necessidade de usar atores mais crus, talvez por conta de orçamento ou por localização das gravações, mas tantos? Só Fernando Cardoso, Antony Mello e Ricardo Casella salvam.
Nisso, o filme entra numa complicada dicotomia. A história agrada, os efeitos são convincentes e a trilha torna toda ambientação mais precisa e assustadora. Mas, ao mesmo tempo, a falta de experiência dos atores puxa o filme pra baixo. Com isso, dois tipos de público devem surgir. O entusiasta de terror, que não vai ligar pra isso e celebrar os vários méritos do filme, e o que vai buscar uma história para passar o tempo e vai esbarrar nas atuações. É um longa que, sem dúvidas, vai gerar reações diversas.
Mas, enfim, não dá pra ignorar os vários méritos de Mal Nosso. Bem dirigido nas cenas de tensão, com boa ambientação e uma história bem sacada, que não perde o espectador na reviravolta, o filme mostra como o Brasil está no caminho certo no gênero de terror. Faltam muitas coisas ainda, claro. É preciso, por exemplo, diminuir a americanização da maioria dos filmes -- incluindo Mal Nosso, que recai no tema da possessão. Mas, de resto, é só aplausos. Mais orçamento, e teríamos um novo clássico.
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