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Foto do escritorBárbara Zago

Crítica: 'Um Ninho para Dois', da Netflix, fala sobre luto com uma fórmula pronta


O TIFF (Festival Internacional de Cinema de Toronto) tem em sua lista inúmeros filmes que abordam a temática da saúde mental das mais variadas formas -- e Um Ninho para Dois, novo longa de Theodore Melfi (Estrelas Além do Tempo), não é diferente. O novo dramalhão da Netflix parece se encaixar em uma fórmula pronta de história pesada com uma boa mensagem no final.


Um Ninho para Dois é um filme que se você parar para pensar por muito tempo, acaba encontrando mais defeitos do que gostaria. Inicialmente soa como Penguin Bloom, em que a protagonista cria uma relação inesperada com um pássaro (mal) feito de CGI, com um apelo emocional explícito. Aqui, o casal Lily (Melissa Mccarthy) e Jack (Chris O'Dowd) vivenciam o luto da morte de sua filha. Ela, distraída e se recusando falar do assunto, enquanto ele passa seus dias em uma clínica psiquiátrica a base de remédios que não toma.


O assunto é delicado e inevitavelmente acaba esbarrando no campo da Psicologia -- afinal, fala sobre a importância de lidar com o luto com a ajuda de um profissional. O problema é que os personagens não fazem bem isso. Pelo menos não na maior parte do tempo.

Lily começa a conversar com um ex-terapeuta que hoje trabalha como veterinário. E é aí que entra o pássaro, que dá nome ao filme. Tudo muito pouco crível e que deve sensibilizar somente pessoas que já estão mais sensíveis.


Lógico, não se pode ignorar os acertos de Um Ninho para Dois. Tanto McCarthy quanto O'Dowd têm boas atuações e entregam um ótimo trabalho, especialmente em cenas que exigem mais deles. A maneira como cada um lida com a morte da filha é única e é quase como se pudéssemos sentir o que eles estão sentindo. A dor é crua e pura.


Talvez se Melfi não tentasse tanto encaixar o filme em um padrão, Um Ninho para Dois seguiria um caminho mais feliz. O pássaro poderia ser facilmente descartado e a história teria poucas mudanças. Nem tudo precisa de uma metáfora.


(*) Filme assistido durante a cobertura especial do Festival de Toronto de 2021.

 

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