A história chama a atenção logo de cara. Sam Bloom (Naomi Watts) está viajando com sua família pela Tailândia e, de repente, cai num barranco. Um acidente grave. Os filhos gritam, o marido corre pra ajudar… Mas, logo depois, descobrimos que ela ficou paraplégica. Não tem mais o movimento das pernas. E é a partir daí que mergulhamos em Penguin Bloom.
Exibido no Festival de Toronto, o longa-metragem é inspirado numa história real para falar sobre a recuperação dessa mulher. No entanto, não é uma recuperação qualquer. Sam acaba desenvolvendo uma relação de carinho com Penguin, um pássaro Magpie ferido que é resgatado pela família. O animal dá forças para Sam que, por outro lado, devolve amor.
No final das contas, Penguin Bloom é um longa-metragem sobre amor. Não importa se entre uma mãe ferida e seus filhos, entre uma esposa em depressão e seu marido que tenta reanimá-la de qualquer modo ou, então, entre Sam e Penguin. O diretor Glendyn Ivin tenta, de todas as formas, mostrar elasticidade de vínculos em momentos realmente conturbados.
Com isso, é difícil não derramar algumas lágrimas. Uma cena em especial envolvendo Penguin voando é de fazer qualquer um chorar. Até mesmo aqueles corações de pedra.
Watts (de O Impossível, também uma tragédia na Tailândia) está muito bem e tem chances de ganhar fôlego para a temporada de premiações, caso alguma boa distribuidora compre os direitos do longa-metragem. Destaque também para Andrew Lincoln (conhecido por seu papel em The Walking Dead), que sabe encarnar o papel de um marido preocupado.
No entanto, uma pena, Glendyn Ivin tem um grave problema de tom. Penguin Bloom fica transitando o tempo todo entre uma Sessão da Tarde mais emocionante -- principalmente em algumas das cenas envolvendo o dia a dia com o pássaro -- e um drama mais emocional e familiar de Oscar. Sem se decidir entre nenhum deles, fica apenas o vazio.
No final das contas, o espectador não sabe bem por qual caminho seguir. É um filminho leve e descompromissado? É um drama mais pungente? Os sentimentos se entrelaçam e a experiência perde pontos. No entanto, não mata a sensação de que Penguin Bloom é um dos filmes mais gostosos e emocionantes do ano. Sem dúvidas, vai emocionar por aí.
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