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  • Bárbara Zago

Johnny Depp e a sua máscara de Jack Sparrow


Johnny Depp é um ator norte-americano conhecido pelos seus papéis nada convencionais, sendo relembrado muitas vezes por um traço muito característico: sua maquiagem. Desde A Fantástica Fábrica de Chocolate, que interpretou o peculiar Willy Wonka, a maquiagem tem sido um recurso

presente na maioria dos seus filmes. A geração mais nova, que cresceu assistindo a franquia de Piratas do Caribe, pode até estranhar ao vê-lo em filmes como Gilbert Grape, em que Depp está de rosto limpo, interpretando uma pessoa normal.

O maquiador que acompanha Depp em muitos filmes é o premiado Joel Harlow, que trabalhou em longas como os já mencionados Piratas do Caribe, mas também em filmes como Alice no País das Maravilhas, Sombras da Noite e O Cavaleiro Solitário -- sempre aplicando traços pesados e efeitos característicos. No entanto, apesar do sucesso de Depp em diferentes filmes, foi a personagem de Jack Sparrow, o famoso pirata dos cinemas, que mais lhe trouxe fama (e caracterização).

Após assistir o primeiro filme da franquia, é notável traços de Jack Sparrow. Boêmio, desbocado e despreocupado. E ainda que seja um filme de comédia, a sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator em 2003. O que mais chama a atenção, porém, é como Depp incorporou, de certa forma, traços do pirata em outros papéis.Quem assiste Mortdecai ou Diário de Um Jornalista Bêbado, por exemplo, percebe que o papel interpretado por Depp tem semelhanças com Sparrow, como o estilo da fala, o riso e até o jeito de andar..

Existe algum motivo para Johnny Depp ter incorporado traços de Jack Sparrow nas personagens que ele veio atuar mais tarde? Uma possível explicação vem do conceito de persona, desenvolvido pelo psiquiatra Carl Jung, fundador da psicologia analítica. O termo surgiu a partir das máscaras usadas nos teatros -- ou seja, uma máscara que todos utilizamos de acordo com o contexto social e àquilo que nos convêm. Este conceito, de forma alguma, está associado à falsidade. Ele é apenas um mecanismo extremamente saudável e necessário. Uma pessoa, dificilmente, consegue agir da mesma forma com sua esposa e seu chefe, por exemplo.

Ainda que seja algo natural e humano, é preciso que cada indivíduo consiga manter certa distância de sua persona, para não identificar-se com ela. Uma identificação muito intensa com a máscara muitas vezes pode levar à uma neurose, caso comum em pessoas do meio artístico. Johnny Depp já enfrentou muitos problemas pessoais e vícios, como drogas e alcoolismo. Sua identificação com o personagem de Sparrow pode ser um mecanismo de defesa inconsciente.

É necessário, no entanto, que o sujeito consiga se diferenciar dessa mascara que esconde o seu rosto -- ou maquiagem, no caso -- simbolicamente falando, pois pode tornar-se prejudicial. Em sociedade, é importante desenvolvermos nossas personas assim como um ego adequado para que possamos nos relacionar com o coletivo, caso contrario, existe a chance de acabarmos nos distanciando de nossa própria natureza.

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