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  • Foto do escritorMatheus Mans

HQ de ‘Flintstones’ é dura crítica social aos tempos modernos


Desenho clássico produzido pelos estúdios de Hanna-Barbera, Os Flintstones marcou uma geração com uma história divertida e que satirizava, em doses leves e moderadas, a família tradicional americana. Agora, porém, Fred, Wilma, Barney e Betty voltam remodelados com uma história em quadrinhos produzida pela DC Comics e distribuída no Brasil pela Panini. A diferença aqui é clara: saem as delicadas alfinetadas para entrar, no lugar, uma dura crítica social à modernidade.

A base da história continua sendo a mesma. Fred trabalha na pedreira de Bedrock, dirige o clássico carro de pedra movido com os próprios pés e é dono do Dino e pai da Pedrita. Sua esposa, a sempre bem-humorada Wilma, cuida da casa e é responsável pelos animais que servem como chuveiro, antena e por aí vai. Na casa ao lado, moram os Rubble, formada pelo divertido Barney e a atenciosa Betty -- além, claro, do filho adotivo Bam-Bam, que tem força descomunal.

Aqui, porém, o roteirista Mark Russell se mostra completamente atento à detalhes e amplia tudo que é visto nas histórias tradicionais, dando um contexto maior. Por exemplo: na série animada, os Flintstones sempre usaram animais como objetos domésticos. Na HQ, Russell usa esse pequeno detalhe para questionar paradigmas como consumismo e atenção ao próximo. A gravata de Fred, também, serve para dar uma alfinetada melancólica no reino das aparências.

Essa destreza de Russell amplifica o potencial da HQ e mostra como grandes personagens da história da animação podem ter força quando colocados em mãos certas. O roteirista só erra a mão nas últimas duas histórias dessa compilação lançada no Brasil, quando a crítica fica muito forte. Ele erra a mão. Ao invés de valorizar a história, a preocupação do escritor com o mundo acaba tomando conta em importância e significado. Mas, ainda assim, tem um bom efeito.

A arte de Steve Pugh também está perfeitamente coesa com o objetivo da HQ. Fred está incrível, assim como Pedrita e Bam-Bam. Só o Barney que está um pouco estranho, muito mais parrudo e forte do que parece nas animações. Poderiam ter feito ele um pouco mais franzino. Betty e Wilma estão interessantes, ainda que sem grandes sacadas ou diferenças do desenho de Hanna-Barbera. Ah, e o Dino tá incrível! Quando ele aparece, impossível não se emocionar.

A nova HQ d’Os Flintstones, então, é uma grata surpresa. Séria, original, forte, concisa e muito nostálgica, ela mostra como quadrinhos podem ser grandes armas contra problemas sociais, mesmo quando usam personagens de antigos desenhos de animação como esse -- e Jetsons, que também ganhou uma nova versão com a DC, mas sem publicação no País. Yabadabadoo!

 

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