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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Deixe a Neve Cair' é surpresa natalina da Netflix


Ao olhar o histórico de filmes adolescentes ou natalinos da Netflix, bate um desânimo. A maioria deles é de má qualidade, como o caso de A Barraca do Beijo, O Date Perfeito ou A Princesa e a Plebeia. Por isso, que grata surpresa é o delicioso Deixe a Neve Cair. Inspirado num livro homônimo de contos, que tem John Green como um dos autores, o filme acompanha histórias que se encontram no Natal de uma cidadezinha.

Numa das tramas, Julie (Isabela Merced) está presa num trem, por conta de uma nevasca, quando encontra sem querer Stuart (Shameik Moore), um cantor famoso. Já Addie (Odeya Rush) está passando nervoso por conta de seu namorado, que sumiu e não responde suas mensagens. Tobin (Mitchell Hope) e Angie (Kiernan Shipka), enquanto isso, vivem um dilema. Ele está apaixonado por ela, mas não sabe se deve se declarar.

Há, ainda, o dilema da atendente do restaurante de waffle, Dorrie (Liv Hewson), que está gostando de uma garota da cidade, mas ela não dá bola em público. E, por fim, há o divertido arco de Keon (Jacob Batalon), rapaz que quer organizar uma grande festa ali.

Obviamente, com tantas histórias, dramas e personagens, não dá para desenvolver as tramas com requinte e riqueza. As roteiristas Victoria Strouse (Procurando Dory) e Laura Solon (A Última Ressaca do Ano) criam uma linha condutora para as histórias e apostam no carisma dos atores e na qualidade da direção para que o público, assim, se apegue ao que está sendo contado. Aqui, por mais que não pareça, é um tudo ou nada.

E, felizmente, dá muito certo. Primeiramente, destaca-se a direção do estreante Luke Snellin, que não é original, mas cativante e charmosa. Ele sabe dar o tom natalino que o filme precisa e, de certa forma, conduzir os personagens para algo genérico, sem parecer, que faça com que os espectadores se identifiquem. Não é difícil, com tantas histórias em curso, se identificar com pelo menos uma delas. Está tudo pronto pra isso.

Além disso, os atores fazem bons trabalhos. Isabela Merced (Dora e a Cidade Perdida) -- antes conhecida pelo sobrenome Moner -- volta a construir uma personagem cativante e apaixonante. Seu romance com Stuart não é tão interessante, por conta de assuntos externos, mas funciona. O drama da personagem, por mais que tenha final óbvio e já tenha sido visto em outros lugares, causa uma certa empatia. Difícil não gostar dela.

Outra história que cativa, e acaba roubando a atenção, é o romance complicado entre os personagens de Mitchell Hope (Descendentes) e Kiernan Shipka (da série Mad Men). Dá aquela sensação gostosa de descoberta, desconfiança, receio. É algo típico dos filmes de comédia romântica, mas aqui funciona pela imprevisibilidade das reações adolescentes.

Liv Hewson (Antes que eu Vá), Odeya Rush (Lady Bird), Jacob Batalon (Homem-Aranha: De Volta ao Lar) e, principalmente, Joan Cusack (Será que Ele É?) estão bem, mas não possuem grandes tramas -- no máximo as duas primeiras, mas são bem transversais.

Dessa mistura gigantesca, sai algo simpático, interessante. Um sopro natalino raro de se ver nos cinemas de hoje em dia e que a Netflix já tinha conquistado ano passado, com o fantástico Crônicas de Natal. Por aí, muitas pessoas estão reclamando da forma como o livro foi adaptado. Mas, como sempre digo por aqui, não dá para comprar duas mídias tão distintas. Quando vai ver um filme baseado em algo, esqueça. Pense separadamente.

Por fim, muitos podem argumentar que é mais do mesmo, que não há dramas realmente humanos e como é irreal ver as coisas acabando bem. No entanto, Deixe a Neve Cair nunca tem pretensões maiores do que isso. É um filme natalino, para dar esperança, e divertir. Não dá pra exigir nada mais. É isso, afinal, que este simpático longa da Netflix faz com louvor. Difícil chegar aos créditos sem um sorriso no rosto.

 

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