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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Han Solo' é dispensável, mas diverte -- e é isso que importa


Tem gente por aí dizendo que Han Solo: Uma História Star Wars é desnecessário, é entretenimento caça-níquel e sem sentido. Alguns, de maneira irresponsável, até chamaram o longa-metragem de "filmeco" por aí. A meu ver, tudo isso é falta de coragem em admitir que Han Solo não é a bomba que estava sendo esperada até então. Ou, ainda, é um puritanismo -- disfarçado de crítica -- que não aceita tramas fora do arco Skywalker.

Han Solo: Uma História Star Wars não é um filme perfeito. Longe disso. O longa-metragem, que se propõe a contar a história de origem do mercenário que dá nome ao filme, é repleto de incoerências, tem um primeiro ato frágil e alguns personagens sem muito sentido narrativo -- e um punhado de atores, aliás, que não consegue cumprir o que o papel requer no universo Star Wars. Mas sua essência está lá, esperando para ser descoberta.

A história, basicamente, mostra a jornada de um jovem Han Solo (Alden Ehrenreich) que começa a desbravar a galáxia junto com um grupo de mercenários experientes e enquanto sofre de amor e saudade de Qi'ra (Emilia Clarke). E assim, numa mistura de história de faroeste e aventura intergalática, a narrativa vai desenvolvendo o jovem Han ao mesmo tempo que insere personagens clássicos na trama, como Chewbacca e Lando Clarissian.

Logo de cara, no primeiro ato do filme, bate um desânimo. As confusões ocorridas nos bastidores e a troca de diretores -- saiu a dupla Christopher Miller e Phil Lord (Uma Aventura Lego) para a entrada do veterano Ron Howard (Uma Mente Brilhante) -- está escancarada na tela. Em alguns momentos, há uma caricatura na trama e nos personagens, enquanto em outras há uma direção quase protocolar e com cuidados pra minimizar riscos.

Essa falta de um único tom, porém, vai se assentando com o passar da história e a mão de Howard vai ganhando peso. E, por incrível que pareça, o diretor de O Código da Vinci e Rush tem talento para história. A comédia, muitas vezes sem sentido, perde espaço para uma trama que flui em cima de aventura. Ainda que o roteiro de Lawrence e Jonathan Kasdan seja um fiapo, a emoção chega à flor da pele com cenas enérgicas e entusiasmantes.

Além disso, Ehrenreich (Ave, César!) -- sempre criticadíssimo durante a produção do filme -- acerta na mosca. Apesar de começar perdido e sem coragem de avançar na sua criação, ele consegue se afastar de uma mera imitação de Harrison Ford, que imortalizou o personagem de Han Solo. Surpreende. Donald Glover (Atlanta) e Joonas Suotamo estão bem como Lando e Chewbacca, respectivamente. Divertem e fazem jus à memória dos mesmos.

Só Emilia Clarke (Game of Thrones) e Woody Harrelson (Três Anúncios para um Crime) que decepcionam. Ele por ser subaproveitado pelo roteiro e preso à alguns esterótipos difíceis de lidar. Ela, enquanto isso, por apostar numa atuação canhestra. Parecem que tiraram a personagem de Como Eu Era Antes de Você e enfiaram dentro do universo de Star Wars. Não funciona nada e não serve de par romântico de Ehrenreich. Não tem química.

O grande problema de um filme de origem póstumo, como também foi o caso de Rogue One, é a ausência de expectativa. O espectador sabe como as coisas vão terminar, quais personagens vão viver, quais vão morrer. Mas Howard obtém êxito ao criar esse espaço vazio para preencher pontos na imaginação da audiência. A aventura aflora e o espectador fica ansioso por saber como as coisas vão se desenrolar, e não como vão ser concluídas.

Por fim, há, sim, a sensação de que o filme é desnecessário -- assim como Rogue One e qualquer outro filme do gênero, que dá origem à personagens ou histórias conhecidas. Mas o cinema precisa ser necessário a todo o momento? Precisa se justificar? A meu ver, não.

Han Solo tem problemas, como aqui citamos, mas consegue divertir e trazer sentimento de euforia à audiência por conta das boas situações criadas. É incrível? É o melhor da franquia? Longe disso. Mas também não está perto de ser um "filmeco". É, enfim, um longa-metragem para se divertir e conhecer um pouco mais do cânone do universo de George Lucas.

 

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