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  • Foto do escritorTamires Lietti

Crítica: 'Lady Bird' é a estreia perfeita de Greta Gerwig como diretora


Dia desses li uma matéria no O Globo dizendo que Lady Bird havia se tornado o filme mais bem avaliado no agregador de críticas da sétima arte Rotten Tomatoes, com 100% de aprovação dos resenhistas. Ao acessar o site, vi que a porcentagem havia caído para 99%. Não consigo entender da onde veio esse 1% de crítica negativa.

Antes de listar alguns motivos que me fazem ser apenas mais um resenhista que considera a experiência com Lady Bird 100% positiva, vou jogar um nome na roda: Greta Gerwig. Temos uma diretora mulher que deixou de interpretar papeis para comandar seu próprio longa pela primeira vez. Acho que aqui já temos um ponto forte.

Talvez por conta da excelente direção de primeira viagem de Greta, Lady Bird caiu na boca do povo e já está fortemente cotado entre os nomes para o Academy Awards desse ano. Não é por menos. No filme, Saoirse Ronan interpreta Christine, que detesta ser chamada pelo nome. Ela muda seu nome para Lady Bird e conforme vamos conhecer a protagonista, entendemos o motivo: ela tem sede de voar para longe, além da realidade familiar que conhece na cidade de Sacramento, na Califórnia. Seu sonho é se mudar para a outra costa americana e viver em Nova York, longe da mãe e dos irmãos, com quem mantém uma relação cheia de falhas.

Particularmente, eu costumo considerar um filme inteligente quando consegue dar ao espectador um pouco de realidade no meio da obra. É muito gostoso se identificar com personagens, assim como é gostoso assistir universos irreais como Star Wars e Jogos Vorazes. Como cinéfila, considero as duas experiências muito válidas para o público e Lady Bird nos dá uma realidade em seu estado mais nu e cru: uma adolescente um tanto quanto rebelde, enfrentando alfinetadas com sua mãe enquanto busca novas experiências e uma dose a mais de liberdade. E que menina nunca foi uma Lady Bird na vida?

Apesar do gênio forte que Saoirse nos entrega como Christine, ele vem junto com a garantia de boas risadas. A jovem “aborrecente” tem uma personalidade cômica, dessas sem filtro para o que faz e fala. Logo no início do filme a vemos encerrando uma discussão com a mãe de uma forma engraçadíssima, que aposto que muitos já pensaram em fazer um dia. Depois me contem se estou certa.

Do outro lado da relação conturbada com a mãe, o roteiro nos entrega o pai de Christine, que parece confiar mais na sede de aventura da filha. Com um quê de carinho e mimo, Lady Bird nos força a ver os dois lados da moeda de uma família real. Até onde é certo apostar todas as fichas nos sonhos dos filhos e apoiá-los? Até onde podemos escolher outros caminhos para eles?

A resposta vem quando vemos Christine enfrentar negações, regras e dificuldades financeiras para ir atrás do seu sonho. Mas, além da coragem e, digamos assim, um pouco de sorte, Lady Bird nos mostra uma característica oposta a tanta rebeldia que esbanja ao longo do filme: resiliência. E é aí que o filme me pegou, no equilíbrio das emoções do mundo real. A jornada de Christine nos mostra que tudo bem querer voar e passar por cima de tantos obstáculos. Mas além disso, nos mostra que a sensação de ter uma base para onde voltar e uma casa para chamar de sua é a mesma para todos os humanos desse mundo: incomparável e deliciosa.

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