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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘O Jantar’ não capta essência de história de Herman Koch

Atualizado: 12 de jan. de 2022


No longínquo ano de 2013, li a história O Jantar, de Herman Koch, e fiquei fascinado. Com ares de Deus da Carnificina, o escritor holandês colocou dois casais discutindo numa mesa de restaurante sobre o futuro de seus filhos. A questão? Os meninos, que são primos, atearam fogo numa moradora de rua. Os pais, então, precisam decidir os futuros dos jovens e, é claro, de suas vidas e carreiras -- um dos pais, aliás, é deputado, e vê seu mandato escoando pelo ralo.

Esta premissa, claustrofóbica e extremamente realista, fez muito sucesso no livro de Koch e agora foi levada para os cinemas pelas mãos do cineasta Oren Moverman (responsável por Um Tira acima da Lei e O Encontro). Para dar vida aos pais, ele escalou Laura Linney, Steve Coogan, Richard Gere e Rebecca Hall -- sendo que esta última é a madrasta de um dos meninos. A premissa, enquanto isso, se manteve basicamente a mesma, com algumas alterações.

Para quem leu o livro de Koch, porém, estas poucas alterações causam impacto na trama como um todo. Moverman, ao invés de fazer mais um Deus da Carnificina, onde é mostrado o decorrer dos acontecimentos num único ambiente e recheado de diálogos, expande toda a trama. Paul, personagem de Coogan, é mais complexo, com bem mais camadas -- tendo que tratar um distúrbio mental. E Stan (Gere) surpreende em seu desenvolvimento e mostra ser superior à personagem do livro.

No entanto, Moverman parece querer abraçar o mundo. E é aí que perde o ponto do filme. Ao invés de se restringir apenas nos acontecimentos em questão, ele quer expandir demais a trama e acaba tentando desenvolver alguns aspectos desnecessários -- como a questão mental de Paul. É um assunto que acrescenta em pouca coisa e que poderia ser limado das mais de duas horas de projeção. Algumas passagens, até mesmo, destoam totalmente da história central.

Com isso, O Jantar acaba ganhando uma narrativa demasiadamente lenta, até mesmo sem propósito. O foco do filme fica bagunçado e o centro da trama se dissolve, levando toda a atenção do espectador para acontecimentos nem tão importantes. Uma verdadeira pena. Tinha tudo para ser um grande filme, fazendo par com Deus da Carnificina. Agora, é torcer para que novas adaptações de livros de Herman Koch tenham mais respeito com o original e saibam levar a trama. O Jantar, definitivamente, não soube.

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