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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Uma Resposta Coletiva ao Governo dos EUA' é bomba completa


Não se pode dizer que a ideia do documentário episódico Uma Resposta Coletiva ao Governo dos Estados Unidos é ruim. Afinal, em seu escopo, está a pretensão de dar uma câmera para doze diferentes cineastas americanos para que cada dê uma visão documental sobre o governo do presidente republicano Donald Trump. Só que o resultado não poderia ser mais desastroso.

Nos 12 mini documentários, que compõe um filme de 76 minutos, apenas três se salvam completamente. O primeiro é uma entrevista com o cartunista Mr. Fish, avesso ao governo de Trump e que criou algumas imagens já históricas sobre o político -- como essa abaixo, que é o desenho de divulgação do longa-metragem. É um episódio curto, de um só suspiro, mas é bom.

Depois, o filme passa por mais alguns desastres completos até chegar em um interessante e provocativo documentário que mostra a briga de dois irmãos: um é republicano, outro, democrata. Essa briga acabou culminando num post no Facebook envolvendo a mãe, já falecida, dos dois. É um episódio, de fato, que instiga e mostra como a briga política pode avançar.

Por último, um destaque que quase fica entre os medianos: um episódio que mostra a visão de crianças sobre o governo de Trump -- principalmente os que possuem pais vindos de outros países e que temem um possível desmembramento da família. É tocante e emociona em alguma medida.

A maioria, então, varia apenas entre regular e medíocre. Há algumas boas intenções, que beiram o experimental, como o episódio feito inteiramente de GIFs -- que falha, porém, ao não conseguir transitar entre temas -- e um outro que cria um Donald Trump em formato de Chucky, o brinquedo assassinato. Este último, porém, mais causa riso do que provoca algum tipo de reflexão.

De resto, só material esquecível. Há um punhado de curtas feitos inteiramente de arquivos que são sofríveis de assistir, sem que o diretor consiga dar liga entre eles. Dá pena de ver. Um outro usa de fotos de Trump, como numa galeria de arte, mas também não surte efeito algum. Parece apenas um trabalho de Ensino Médio que tenta mostrar fotos de um jeito pouco criativo.

Há outros que usam do formato de documentário, mas que parece faltar uma peça. Um deles, que parecia ser a salvação do filme, é a tentativa da diretora em encontrar pessoas que pensem diferente dela na política. Mas não vai pra frente! É uma ideia boa, mas muito mal utilizada. Outro mostra uma construção nazista nos EUA, mas fica frágil o elo entre Trump e essa história.

No final, Uma Resposta Coletiva ao Governo dos Estados Unidos, feito pelo coletivo de cineastas independentes da Filmmakers Unite, é um desastre que vai desabando a cada um de seus doze episódios. Tem uma boa ideia? Com certeza. Mas é terrivelmente mal executada. Faltou coesão e coordenação. E como só um quarto do filme funcionou, só um quarto de nota -- e com meio ponto a mais, pela criatividade inicial. E só.

* Este filme foi visto durante a cobertura especial do festival de cinema documentário É Tudo Verdade 2018.

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