1. A história é ótima
A trama de Angústia acompanha a jornada de Luís da Silva, um funcionário público insatisfeito e que acaba se apaixonando perdidamente pela vizinha, Marina. As coisas saem do prumo, porém, quando o relacionamento dos dois não vai pra frente e o protagonista, angustiado, começa a ter pensamento conflitantes e repletos de violência, mágoa, ciúmes. Sendo narrado em primeira pessoa, o livro possibilita uma imersão completa e extremamente impactante na mente de Luís. Difícil não fazer um mergulho completo na mente desse personagem tão marcante quanto Dom Casmurro e afins.
2. A escrita de Graciliano Ramos
Todo mundo deve conhecer Graciliano Ramos. Afinal, ele é o autor por trás do clássico inabalável Vidas Secas, que faz parte do repertório de todos estudantes do Ensino Médio que almejam uma vaga em universidades públicas. Em Angústia, porém, fica a impressão de que o mergulho na literatura de Graciliano é ainda mais profundo, mais gritante. Vidas Secas é cruel em vários sentidos, como a morte da Baleia e a falta de voz de alguns personagens. Mas Angústia, por meio da escrita hábil, popular e inteligente do autor, consegue fazer com que tudo se torne ainda mais árido. A sensação, durante a leitura, é de que você está no meio do agreste nordestino com o sol batendo na moleira.
3. A angústia é real
É incrível quando livros conseguem passar um sentimento, pré-definido, por meio da história e das palavras. E Angústia, sem dúvidas, transborda angústia. Por conta desses dois pontos acima mencionados, e a psicose que atinge Luís de maneira arrebatadora, o leitor também entra numa espiral de desespero e loucura. Assim como Dom Casmurro faz o leitor entrar na maluquice de Bentinho, este excelente livro de Graciliano Ramos faz com que se desconfie da integridade de todos ao redor do protagonista -- por mais que a sua maluquice seja bem evidente. É um processo narrativo complexo, forte, e que traz emoções ao leitor. E o que pode haver de melhor num livro senão a emoção?
Mas, porém, todavia, entretanto...
O protagonista do livro possui pensamentos sombrios, principalmente direcionado às mulheres e ao personagem de Julião. Algumas pessoas podem se incomodar com o vocabulário e com alguns desejos de Luís. Mas lembre-se: o livro foi escrito em 1936.
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