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  • Foto do escritorMatheus Mans

‘A Livraria’, de Penelope Fitzgerald, é bom estudo sobre tipos humanos


Chegou aos cinemas, recentemente, o longa-metragem britânico A Livraria, que levou três prêmios no Goya, Oscar espanhol -- de Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Original. Infelizmente, porém, o filme foi uma grande decepção:lento demais, no pior dos sentidos, A Livraria fala de nada com nada e com a profundidade de uma folha de papel. Mas que grata surpresa foi a leitura do romance de Penelope Fitzgerald que inspirou o longa e que é muito mais complexo e interessante.

A história é a mesma do filme: uma mulher decide abrir uma pequena livraria numa cidade pequena do interior inglês. Só que as coisas não vão muito bem, já que a maioria dos seus moradores não se mostra muito afeita à leitura. A comerciante, então, precisará enfrentar o preconceito para conseguir levar adiante seu sonho de uma loja de livros para se sustentar.

Penelope Fitzgerald, que ficou mundialmente conhecida pelo excelente Correnteza, faz um verdadeiro ensaio social com A Livraria. Adentrando num terreno que o filme da cineasta e roteirista Isabel Coixet não conseguiu entrar, o romance cria personagens pitorescos para ampliar seus significados. É um livro discreto, de apenas 150 páginas, mas que esconde o real significado de suas histórias em meio às entrelinhas bem pensadas de Fitzgerald. Não é um livro de leitura rápida, enfim.

O começo do livro também não ajuda o leitor a desbravar os aspectos mais escondidos do romance. A história demora a deslanchar e, no começo, parece só mais um relato qualquer de uma história de fracassos, recomeços e dificuldades. É preciso persistência e coragem para driblar essas 30 páginas iniciais. No entanto, quando ela abre a livraria e começa uma torrente de acontecimentos e de personagens, as coisas fluem e o livro se abre de jeito um pouco mais simples.

Vale ressaltar, também, a excelente criação de personagem. No livro, Florence -- a dona da livraria -- é muito mais interessante e cheia de camadas do que é visto no longa. Ainda que a atuação de Emily Mortimer esteja na medida, não consegue se igualar à criação da autora original.

A Livraria parece ser um livro curto, direto e simples. No entanto, ao desvendar e enfrentar sua leitura, as coisas se revelam mais complexas do que no início. Simples, não. Singelo. E quem diz que a obra é sem alma, não conseguiu entrar nas palavras de Penelope Fitzgerald e compreender seus personagens complexos, criando paralelos com a sociedade atual. Um ótimo livro.

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