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Foto do escritorAmilton Pinheiro

A Torre de Babel proposta pelo Flipoços


A curadoria do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas, o Flipoços, na sua 19a edição, fez uma aposta arrojada na diversidade. Não apenas temática, mas de convidados e de encontros que potencializam os assuntos abordados e despertam para outros olhares. 


Esses dias vem sendo uma grata surpresa por parte dos autores, dos jornalistas e, principalmente, do público que acompanham essa verdadeira imersão de pensamentos, de literatura e de afins, nesses nove dias que comportam o evento que começou no dia 27 de abril e vai até 05 de maio.


Na mesa tem um livro para ser visto...


Diante de uma programação tão vasta, o público presente pôde se deparar com uma grata surpresa: a mesa The Book the is on the Table, que aconteceu na quarta, 1, em pleno Dia do Trabalhador, e que tinha como convidados Chico Barbosa, escritor e editor da CBNews, e o renomado fotógrafo de interiores Tuca Reinés, com uma azeitada mediação de Igor de Albuquerque, editor da revista Canarana.


A mesa aconteceu no Coreto Cultural, uma tenda montada dentro da 1a Vila Literária de Minas Gerais, batizada de Coreto Cultural, um dos três lugares que rolam os encontros com os convidados desta 19a edição do Flipoços.

Os convidados falaram o que vem a ser esses Livros de Mesa, ou os Coffee Table Books, que são não apenas os livrões que encontramos nos centros e mesas de alguma casa ou estabelecimento comercial. Afinal, eles podem ser pequenos, como falou Reinés. Tudo depende do bolso de quem vai comprar.


Mas uma coisa é certa: esses livros de mesa precisam chamar atenção já à distância do leitor, ganhá-lo pelo olho. Ou seja, tem que possuir algumas características. Uma delas, o seu design de capa, com uma bela fotografia para atiçar a curiosidade do leitor para abri-lo e apreciar o conteúdo, que necessariamente, como disseram Barbosa e Reinés, tem que trazer uma harmonia entre as fotografias e o texto que contarão o que propõe o livro.


Essa fisicalidade do livro, como perguntou o mediador da mesa, Igor de Albuquerque, aos convidados, trabalha com o visual, como o leitor será atraído por esses livros, uma parte deles, de grande dimensão. Livros que só conseguem existir na fisicalidade deles. Geralmente são livros que precisam de patrocínio, ainda mais se tiver um projeto arrojado, grande dimensão, fotógrafos renomados e um texto de algum escritor consagrado.


É um nicho de mercado que movimenta cifras impensáveis para quem trabalha com outros tipos de livros. Reinés falou que um desses livros foi arrematado num leilão por mais de dois milhões de dólares. O livro era sobre o filme Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's), de Blake Edwards, lançado em 1961. 


Outro aspecto que esses livros possuem é que eles só têm sentido mesmo na sua fisicalidade, perdendo completamente a forma, caso, por exemplo, seja lançado numa versão digital. Nas grandes feiras de livros, esses “objetos de decoração", geralmente, são os mais vendidos, o que torna esse nicho bastante atraente e disputado.


Pensando no manuseio do livro, ou seja, de abri-lo para visto por dentro, o mercado oferece alguns suportes que ajudam nesse sentido; para que esses livros de grande dimensão possam ser apreciados  por dentro. Os menores, para bolsos menos afortunados, são de fáceis leituras, apesar do formato serem diferentes dos livros em geral.


Nos bastidores das entrevistas


Neste mesmo Coreto Cultural, um pouco mais tarde,  rolou um papo delicioso e instigante entre a jornalista e crítica musical Adriana Del Ré, que trabalhou um pouco mais de duas décadas no Caderno 2, do jornal o Estado de São Paulo, e Julio Maria, também crítico musical e biógrafo de dois grandes artistas da música brasileira, Elis Regina e Ney Matogrosso.


Adriana falou dos bastidores de algumas entrevistas que ela fez durante o período em que trabalhou no Estadão e que estão no livro Conversas Sobre MPB – 30 Entrevistas com Importantes Nomes da Nossa Música (Editora Letras do Brasil), que ela autografou logo depois do papo com Julio Maria. Antes da conversa com Julio e com o público, ela lembrou que quando entrou no Estadão seu objetivo era escrever e fazer críticas dos filmes. Cinéfila, sua paixão era o cinema. 


Mas era impossível escrever sobre cinema, segundo ela, pois no Caderno 2 tinha dois renomados críticos com anos de estrada no jornal na área. Não vendo nenhuma chance no cinema, o música entrou meio que por acaso, o que ela avalia hoje que foi a melhor coisa que poderia ter acontecido com ela. Não tendo cinema, vai de música mesmo. Foi o que ela fez. 


Aí vieram as entrevistas e os percalços de lidar com assessorias de imprensa e com os artistas da música. Tudo isso está relatado no livro que ela escreveu que, além de trazer as entrevistas, tem os bastidores delas. Sendo da mesma área, da crítica musical, o papo entre eles foi mais um relato do que eles passaram na área, os perrengues dos bastidores das entrevistas que fizeram e o deleite de entrevistar grandes artistas da música, os mais velhos e alguns novos nomes.


Segue entrevista com Julio Maria (Jornalista, crítico musical e biógrafo)


Esquina da Cultura – Qual a sua expectativa em relação a participação na 19a edição do Flipoços, já que você fará parte de duas mesas; uma dedicada a crítica musical ao lado do produtor musical e empresário, João Marcelo Bôscoli, um dos filhos da Elis Regina, e mediando uma conversa com a jornalista, escritora e crítica, Adriana Del Ré? Você acha que os eventos de literatura dão um bom espaço ao crítico musical e aos biógrafos de artistas da área?




Esquina – Você tem uma longa jornada como jornalista e crítico de música, chegando a ser editor de um caderno  dedicado a área que não durou muito (no Estadão). O que o jornalismo e depois a crítica musical te ensinaram ao longo desses anos? O que você acha do espaço dedicado a música pelos veículos de imprensa? Qual a relação entre o espaço na imprensa dedicado a música com a música brasileira contemporânea? 





Esquina – Qual a importância dos festivais e agora dos reality shows musicais para o desenvolvimento da música brasileira? Por que hoje não temos mais festivais, que foram tão importantes para divulgar a música, artistas já consagrados e para descobrir uma nova geração de cantores, cantoras e músicos? Por que artistas oriundos de reality shows em sua grande parte não conseguem dar continuidade as suas carreiras e continuar fazendo sucesso?



Esquina – Você é biógrafo de dois grandes nomes da MPB, Elis Regina e Ney Matogrosso. Como surgiu a oportunidade de biografá-los? Por se tratarem de artistas polêmicos,  isso dificultou a realização dos projetos? Qual o balanço que você faz dessas duas biografias pela crítica e pelo público leitor? Como foi a relação com a família da Elis Regina e com o Ney Matogrosso?





Esquina – Quais são as maiores dificuldades de biografar um artista brasileiro? Foi mais difícil lidar com a   família da Elis ou com o Ney Matogrosso? Por que no Brasil é tão espinhoso falar em defeitos dos biografados? Por que temos dificuldade de lidar com a complexidade e  as contradições de pessoas notórias? 



Esquina – Teve algum assunto ou passagens nebulosas desses dois artistas que você biografou que se sentiu inseguro de tratar? Houve alguma espécie de censura em alguma passagem da vida desses dois artistas pela família da Elis ou pelo próprio Ney Matogrosso? O que mais  te surpreendeu na vida deles?



Esquina – Quando você lançou a biografia “Elis Regina – Nada Será Como Antes”, em 2015, a cinebiografia sobre ela não tinha sido lançada “Elis”, de Hugo Prata (2015). Então, seu livro não serviu de pesquisa para eles? O que você achou do filme? Teve algum retorno do diretor sobre o seu livro? Por que algumas partes polêmicas da vida da Elis, como a sua dependência com cocaína foi amenizada no filme? Geralmente as cinebiografias não conseguem tocar em passagens polêmicas e controvérsias dos artistas retratados, quem perde com isso?



Esquina – Em relação a cinebiografia de Ney Matogrosso, Homem com H, dirigida por Esmir Filho e protagonizado pelo ator Jesuíta Barbosa, o seu livro serviu de referência? O que você espera do filme?



Esquina – Depois dessas duas biografias, o que você está fazendo em relação a seu próximo livro? 



Esquina – A música brasileira contemporânea faz frente a MPB? Como você analisa a música brasileira hoje, inclusive a de massa, como o sertanejo, a funk e o forró de plástico? 




Esquina – Um dos convidados deste ano do Flipoços será o imortal, pesquisador e biógrafo Ruy Castro. Ele serviu de referência para decisão de ser biógrafo? 


 

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