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  • Foto do escritorAmilton Pinheiro

Cantor português Valter Lobo se apresenta pela primeira vez no Brasil


O cantor e compositor português Valter Lobo começa hoje, com um show no Sesc Pinheiros, uma mini turnê no Brasil, com três apresentações, terminando de se apresentar em Buenos Aires, na Argentina. É a primeira vez que ele atravessa o Atlântico para fazer essas apresentações. “Não somente para tocar, mais também para visitar a América do Sul, especialmente o Brasil”, falou ele com exclusividade para o Esquina (veja abaixo entrevista). Ele, que chegou na terça-feira em São Paulo, disse que está atordoado e maravilhado com tudo que está vendo e sentido. Sabia que sua música já tinha atravessado o Atlântico, faltava conhecer o público que o escuta e que gosta do seu trabalho. “Fui muito bem recepcionado pelas pessoas. Andei pelas ruas, conheci algumas pessoas, comecei a fazer amizades, estou me conectando com tudo aqui. Quero aproveitar esses encontros para me inspirar, claro, sem fazer planejamentos. Deixar tudo fluir de forma natural e sem fazer planos”, revelou. Valter Lobo faz parte dessa safra de artistas da nova canção da música contemporânea brasileira e portuguesa, também chamada de música popular contemporânea, que tratam do amor, das conexões amorosas, concretas ou não, e das questões ligadas ao nosso tempo, como a necessidade de pausar o mundo cada vez mais frenético e superficial e olhar para o que realmente importa na vida, já que ela é breve demais, como ele diz no novo disco, o segundo da carreira, Primeira Parte de Um Assalto, que está sendo lançado aos poucos, deixar-se assaltar pelos acontecimentos, pelas relações e mergulhar nas sensações que a vida vai proporcionando.

O artista português não gosta de pensar na carreira como algo demarcado de forma cronologia, já que completa 10 anos, desde que lançou o primeiro EP Inverno, em 2012. Ele prefere falar nos três trabalhos em disco que lançou, refletindo-os através dos ciclos que eles foram idealizados e feitos, como nas estações da natureza; inverno, outono, primavera e verão. Valter lançou ainda o primeiro disco, Mediterrâneo, em 2016, e Primeira Parte de Um Assalto, que saiu recentemente. “Não olho para os trabalhos pela perspectiva cronológica. Gosto de falar dos discos, não penso muito nos anos. Cada trabalho é como uma espécie de registro de uma fase da vida. Se falo de Inverno [EP], que era uma fase mais turbulenta, duvidosa, para mim, lembro das mudanças profissionais e pessoais que estava passando. Uma fase mais confusa e conturbada. Por isso surgiu Inverno, que é uma coisa mais solitária, gravada em casa. Um sujeito poético, lírico, a chorar em casa. Mediterrâneo foi feito num clima mais ameno, uma busca de viver mais intensamente, uma visão mais romanceada da vida. Viver numa terra bonita no Sul da Europa, morando perto do mar, despido das obrigações e apaixonado pela vida. Mediterrâneo era uma busca por um clima mais quente, sem ser o verão totalmente, uma transição entre primavera e verão. Agora, a Primeira Parte de Um Assalto, é algo de fato maduro, que eu penso em cada uma das emissões [da vida]. Algo mais avassalador sobre uma série de sentimentos, sentimentos clichês que fazem parte da vida da gente. Paixões tórridas, dos desencontros, de um filho, o desencanto pelo mundo atual. Como fosse um cartão de identidade que vai nos acompanhando ao logo da vida”. Na entrevista que segue, Valter Lobo fala das expectativas dessas primeiras apresentações na América Latina, não pensando nelas como um show, ou concerto, mas mais como um diálogo como público que estará presente, numa espécie de troca conjunta de se deixar sentir pelas músicas, pelo encontro. Fala da carreira pela perspectiva dos três trabalhos lançados, do trabalho que faz na área jurídica, já que tem formação de advogado, prestando consultoria para artistas sobre seus direitos, etc, da função como diretor artístico que lhe proporcionou contato com uma safra de cantores da música brasileira contemporânea, como Rubel, Cícero, Paulo Novaes, Tagua Tagua e do momento político atual que vivemos no Brasil. “É uma realidade triste que me conectei à distância, mas que chegando aqui [no Brasil], me conectando com os brasileiros, vejo que a situação é ainda mais grave do que pensávamos de longe. Fico terrivelmente triste e decepcionado. Agora é esperar, esperar, para melhorar”, espera.

Esquina da Cultura: Descobrir a sua música, foi um verdadeiro assalto, tamanha a maneira peculiar das melodias, das letras e da forma como você trata do amor, do romance, o tema principal de suas canções, mesmo que ele seja um voo solitário, melancólico, por vezes desencontrado e mal compreendido, mas que há uma necessidade de uma busca permanente. Como você elabora essa temática nas letras e melodias que compõem? Somos seres solitários em constante busca do outro não somente no sentido amoroso?

Esquina: Você completa dez anos de carreira, desde que lançou o EP Inverno, em 2012, que trazia belas canções. Depois lançou seu primeiro álbum Mediterrâneo, em 2016, e agora, o seu novo disco Primeira Parte de Um Assalto. Como você avalia esses três trabalhos no sentido de aprendizado, de aprofundamento como escritor de canções e como evolução artística? Fale um pouco desse concerto que você fará de voz e violão no Brasil e na Argentina?

Esquina: É a primeira vez que você atravessa o Atlântico para se apresentar no Brasil, com um concerto também em Buenos Aires, Argentina. Quais suas expectativas em relação a essa mini turnê na América Latina? Você falou que tem contato com nossa música e nossos cantores, especialmente dessa nossa safra da Música Brasileira Contemporânea, como Rubel, Cícero e Paulo Novaes. O que você absorve desses artistas? E sobre Música Popular Brasileira do passado, o que você gosta e traz para sua arte de escritor de canções?

Esquina: Na sua estadia pelo Brasil, pretende planejar alguma parceria com algum desses artistas? Não pensou em chamar algum deles para participar do seu show? Além das apresentações, o que pensa fazer em solo brasileiro?

Esquina: Você não vem de uma família de artistas, e a música só entrou na sua vida, depois de formado e exercendo a advocacia. Em que momento você falou, não vou viver atrás de um escritório, quero ser cantor e compositor, que assalto lhe trouxe de vez para a música? Mas você não deixou totalmente a advocacia, exercendo também a função de jurista de direitos do artista. Fale um pouco dessa atividade e desse engajamento coletivo em pró do artista e de sua arte?

Esquina: Nesse novo disco, o segundo da carreira, Primeira Parte de Um Assalto, lançado este ano, você diz que ele tem um “clima ameno, um momento de alguma serenidade e conexão com a realidade”. De que maneira a pandemia da Covid-19 e de sua mudança para o Sul de Portugal, saindo da agitação de uma cidade mais frenética e urbana, molduram essa percepção de amenidade e conexão com a realidade?

Esquina: Numa entrevista que você deu em Portugal, no Clav Live Sessions, Um Sofá, Uma História, você disse que é um “Lobo solitário a cantar ao mundo” e que o disco Primeira Parte de Um Assalto é uma espécie de “manual de instruções para nos deixar levar pelos assaltos de nós mesmos e de outras pessoa que não seja a título material”. Fale um pouco mais a respeito dessa maneira de se enxergar como artista no mundo e de nós, humanos, nos permitirmos mais, diante da vida e dos outros que nos rodeiam? Como nos tornar mais espiritualizados e tranquilos no mundo cada vez mais materialista, individualista e frenético, aí me reporto a outra frase sua “O estar apenas sem querer ser ou parecer”?

Esquina: Você vem ao Brasil pela primeira vez como artista, num dos momentos políticos e econômicos mais difíceis e terríveis do País, governado por um presidente de extrema direita, contrário à democracia e ao povo. O que você pensa a respeito? Como vocês, portugueses, que nos colonizaram, pensam sobre o Brasil hoje?

Esquina: Queria falar do belo clipe e da música do novo disco Fado Novo, quando você canta caminhando dentro de um túnel, com os carros passando, numa fotografia sugestiva e bem planejada em preto e branco, e em versos cheio de significados, exaltando a “esperança de algo mudar/Fiz-me louco e dancei…”, cansado de um Deus e de um Rei que não volta. Como se deu a concepção desse clipe e dessa linda música, que muita fala da nossa existência solitária, intranquila e sem certezas pela vida, que caminha apressada, apenas sabendo que no final do túnel há uma luz que não se sabe do que se trata, um mistério a nos revelar nossa incompletude….

Esquina: Que recado você deixaria para quem irá ver suas apresentações pelo Brasil?

SERVIÇOS São Paulo (SP) Local: Sesc Pinheiros (Teatro Paulo Autran) Endereço: Rua Paes Leme, 195, Pinheiros Ingressos: A partir de R$ 12 Data: 10 de Agosto de 2022 (quarta-feira) Horário: 20:00

Porto Alegre (RS) Data: 13 de Agosto de 2022 (sábado) Horário: 19:30 Local: Agulha - R. Conselheiro Camargo, 300 - São Geraldo Ingressos: a partir de R$ 35 via Sympla (Lista preta/indígena: R$ 25) Rio de Janeiro (RJ) Data: 20 de Agosto de 2022 (sábado) Horário: 21:00 Local: Teatro Solar de Botafogo - Rua General Polidoro, 180, Botafogo Ingressos: a partir de R$ 50 via Sympla

 

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