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  • Bárbara Zago

Com ótimo show, Niall Horan ainda tem dificuldade em encontrar seu público alvo


Desde que One Direction resolveu anunciar sua separação no início de 2016, nenhum de seus integrantes deixou a carreira musical em segundo plano. Após adquirirem confiança e (ainda mais) talento após alguns anos em turnê, chegando a lançar 5 álbuns durante esse período, cada membro da banda tomou seu rumo, afastando-se significativamente dos singles pops que os tornaram famosos.

Zayn Malik, quem tomou iniciativa para sair do grupo, dedicou-se à uma música que segue o estilo R&B, semelhante às melodias de Usher e Drake. Liam Payne e Louis Tomlinson se aproximam mais do pop, ainda que seja precipitado fazer qualquer tipo de afirmação à respeito, visto que nenhum dos dois lançou um álbum independente ainda. Harry Styles se debruçou completamente no Rock Alternativo, produzindo um CD que parece ter saído nos anos 80, lembrando o melhor de The Rolling Stones e Queen. Niall Horan, que esteve no Brasil para a turnê de Flicker, toma um rumo diferente e concentra toda sua atenção no violão e na guitarra, aproximando-se de uma mistura de pop e folk.

Apresentando-se nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, o irlandês mostrou seu novo álbum, tocando-o na íntegra, além de incluir alguns covers e músicas do One Direction. O show em São Paulo aconteceu no Espaço das Américas e, apesar de não ter seus ingressos esgotados, conseguiu deixar o local cheio, com uma fila de entrada que virava quarteirões.

O show de abertura contou com a presença de Maren Morris, com quem Niall canta a música Seeing Blind; com uma voz forte e uma animação contagiante, Morris fez a plateia entrar no ritmo com facilidade. Seu show, que durou em torno de 40 minutos, contou com músicas como My Church, The Middle e Just Another Song, além de um trecho de Halo, de Beyoncé, que cativou a multidão.

O show de Niall que estava previsto para 21:00 começou no horário, com On The Loose. O irlandês não demorou para começar a interagir com os fãs "É uma pergunta meio idiota, mas como vocês estão?". Ele parecia genuinamente feliz e bastante confortável com aquilo. Na troca de músicas, constantemente conversava com a plateia, além de se arriscar com algumas frases em português, que levava o público à loucura.

Após algumas músicas de Flicker, Horan tocou uma versão acústica, e belíssima, de Dancing in the Dark, de Bruce Springsteen. A música, apesar de clássica, pareceu desconhecida para a grande maioria ali presente, o que mostra uma certa divergência do estilo de música proposto por ele e o gosto de seus fãs. Já o cover de Crying in the Club, de Camila Cabello, já soava mais natural ao seu público.

Ficou evidente que Horan ainda apresenta uma dificuldade em diversificar seu tipo de público, já que muitos ali se identificavam mais como fãs de One Direction do que do cantor propriamente. Outra prova disso foi a comoção quando ele cantou duas músicas de 1D, Fool's Gold e Drag Me Down, em que era possível ver muitas pessoas chorando durante a performance da primeira. No entanto, isso não tira seu mérito, que apresentou um show incrível, exibindo todo seu talento e carisma.

Ao cantar Flicker, música que deu nome ao seu novo álbum, Horan pediu que todos apreciassem aquele momento, deixando os celulares e os gritos histéricos de lado. Explicou que a canção tem um significado muito importante para ele, e acredita que também deve ter o mesmo efeito para os seus fãs, ainda que por motivações diferentes. O resultado foi surpreendente; o público percebeu nitidamente a bela voz do cantor, além do arranjo do violão que deu à música um toque especial.

Ao comparar Niall Horan com Harry Styles, que também esteve no Brasil para a turnê de seu álbum homônimo em maio deste ano, o que mais chama atenção, além dos ritmos totalmente diferentes, é a presença de palco dos dois. Niall soava mais natural, mais acessível. Conversava com o público sempre de maneira bem humorada, fazendo piadas consigo mesmo. A interação de Styles era diferente, um pouco mais tímida. Até quem não conhece o irlandês, cria simpatia por ele com muita facilidade. Mesmo com músicas que contém uma melodia parecida, é o carinho de Horan que tornou o show tão memorável.

Após pouco mais de uma hora e meia de show, o cantor encerrou o setlist com Mirrors. Ainda que a penúltima música, Slow Hands, tenha causado um impacto maior no público, o que a tornaria essencial para finalizar o show, Horan conseguiu criar uma atmosfera incrível com seus fãs, deixando saudades.

 

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