top of page
Buscar
  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Arte de Amar' é mais um filme turco da Netflix sem nada de novo



É bastante impressionante como a Netflix investe em produções de determinados países até a última instância. Como mostro em minha lista com frequente atualização no Letterboxd, é bastante impressionante a quantidade de lançamentos indianos no streaming. Mas também é muito impressionante a quantidade de filmes turcos que entram na plataforma, geralmente com histórias banais. Um lançamento desta quinta, 14, engrossa essa lista: A Arte de Amar.


Dirigido por Recai Karagöz (Meu Nome é Farah) e roteirizado por Pelin Karamehmetoglu (O Segredo do Templo), o filme deixa bastante evidente como seus dois principais realizadores são realmente vindos do mundo da TV. Ao contar a história de uma investigadora da polícia (Esra Bilgiç) que está atrás de roubos de arte por seu ex-namorado, diretor e roteirista privilegiam uma linguagem sem muita complexidade. Tudo é exageradamente chapado, óbvio, plano.


É difícil, aliás, realmente compreender qual o gênero desse filme -- e não, não estamos falando de uma produção que quebra padrões e foge de tudo que compreendemos. A Arte de Amar traz uma história tão quadrada que se torna desinteressante até mesmo para colocá-la em caixinhas de gênero: a ação praticamente inexiste, apenas com uma ou outra cena de perseguição sem vida; o romance proibido não cola; também não há um drama real por aqui.


O filme é apenas mais uma pecinha despejada em um caminhão que já conta com mais algumas outras centenas de pecinhas iguais. É um cinema turco que busca se passar por um cinema hollywoodiano, sem nunca questionar seus caminhos e, muito menos, trazer algum traço de personalidade de sua sociedade, de seu povo, de sua história. É um filme da Turquia, mas que poderia ser dos Estados Unidos, do México, do Brasil, da Índia... É plano e banal.


Há até mesmo uma breve, brevíssima tentativa de questionar o que é a arte e o poder sobre ela. Mas não vai pra frente. O roteiro simplesmente não tem capacidade desse nível de questão.


Obviamente, aqueles que buscam apenas um passatempo descompromissado (algo muito comum para os que gostam de navegar pelos caminhos da Netflix) podem achar o filme divertido. Uma cena de roubo, lá pela hora final, até lembra Truque de Mestre ou Onze Homens e um Segredo. Mas nunca alcança o estilo visual almejado. Fica muito aquém, quase tosco.


A Arte de Amar é mais um filme da Netflix que passa por cima de diferenças culturais e sociais, produzindo uma história turca sem ser, realmente, turca. Um filme plano e banal, que sequer abraça gêneros e parece se afastar de tudo que dê alguma personalidade para a história. Mais um passatempo na Netflix, sem qualquer complexidade, e que chega pra aumentar catálogo. Só.

 

2 comentários
bottom of page