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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Barqueira' é típico "coming of age" feito na América Latina


Pode ser quem alguém diga que isso é preconceito ou qualquer coisa do tipo, mas não dá pra negar: o cinema latino-americano tem uma cara própria. Um estilo. Parece que alguns cineastas seguem apenas uma cartilha, deixando tudo um pouco pasteurizado. Infelizmente, A Barqueira entra nessa seara. Afinal, a diretora e roteirista estreante Sabrina Blanco não inova em nada.


O longa-metragem acompanha a história de uma jovem (Nicole Rivadero), aparentemente pré-adolescente, vive um momento de expectativas. Afinal, na periferia de Buenos Aires, ela está crescendo, se conhecendo, conhecendo o mundo ao redor -- e se frustrando, é claro. Ela queria, acima de tudo, herdar o barco do pai. Ser barqueira. Mas o pai não está nem aí. Vende o barco.


Ao longo de curtos 75 minutos, acompanhamos essa jovem adolescente pra lá e pra cá, em seu processo de crescimento. Infelizmente, os personagens não exercem nenhum magnetismo no público. O pai é ausente de qualquer interesse, os coadjuvantes não são desenvolvidos a ponto de despertar qualquer boa narrativa e Tati, a protagonista, é apática. Não cria vínculos reais.

Além disso, como ressaltado, a estética de A Barqueira segue o bê-á-bá do que é feito no cinema latino-americano nos últimos anos -- lembra demais o bom filme Invisível, de Pablo Giorgelli (do exepcional Las Acacias), e também o recente Mamãe, Mamãe, Mamãe. É compreensível que esta é uma espécie de estética (quem sabe movimento?). Mas chega em uma saturação de mesmice.


Neste ponto, você, caro leitor, me pergunta: mas é tão ruim assim? Não, não é. Sabrina Blanco tem qualidades na direção, com uma recriação crua da rotina da protagonista -- se a história fosse mais certeira e forte, lembraria Sócrates. Nicole Rivadore, apesar da apatia da personagem, também consegue trazer camadas interessantes para sua difícil personagem.


A Barqueira, assim, não vai trazer nada de novo no front. Investe em mesmices narrativas e estéticas, sem escapar de outras coisas que estão sendo feitas por toda a América Latina, até no Brasil. Será que não é hora de inovarmos, irmos além? Essas histórias, por mais bem dirigidas que sejam, já caíram numa repetição sem fim. Pena. Afinal, é um filme que poderia ter ido além.

 
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