Sem dúvidas, a Netflix e a atriz Joey King podem se abraçar para a produção de filmes ruins. O serviço de streaming, ultimamente, está indo ladeira abaixo no quesito de qualidade de longas produzidos -- Anon, The Titan e Dude são apenas alguns exemplos de produções que não mereciam a atenção que receberam. E King, apesar de ter começado bem na carreira, não está sabendo administrar suas escolhas. Nos últimos dois anos, as duas grandes produções da atriz foram as bombas Independence Day: O Ressurgimento e 7 Desejos.
Agora, o streaming e a atriz se unem no drama pré-adolescente A Barraca do Beijo, que chega à Netflix nesta sexta-feira, 11. O termo "bomba" é pouco para descrever essa produção de Vince Marcello (Um Vampiro Mentiroso). Sem originalidade alguma, o diretor conta a história de uma garota (King) entrando na adolescência e que começa a descobrir o amor e os relacionamentos. Só que não é um processo tão fácil, já que ela acaba se apaixonando pelo irmão mais velho (Jacob Elordi) de seu melhor amigo de infância (Joel Courtney).
E pra levar essa história à tela, Marcello junta todos os clichês possíveis desse subgênero. Tem o drama familiar capenga, tem o nerd bobão, tem o garoto certinho do anuário, o time de futebol americano, o grupinho das patricinhas, o pai protetor, e por aí vai. É um caldeirão de ideias estereotipadas e que o público já está cansado de ver -- afinal, já é uma coisa retratada em dezenas de filmes, indo desde o clássico Clube dos Cinco, passando pelo divertido Meninas Malvadas e chegando até filmes bem mais recentes, como Com Amor, Simon.
A diferença, porém, é que os filmes que ficaram marcados na história com esses elementos se tornaram clássicos em seus gêneros por alguns motivos. O principal é que eles revertem os clichês para aguçar a curiosidade da audiência e deixar alguma marca original. A Barraca do Beijo, porém, não faz isso. Fica confortável durante os quase 100 minutos de projeção com bobagens atrás de bobagens, que não saem do lugar, que não provocam. Chega a ser irritante como temas sérios são tratados com descaso pelo roteiro e direção.
Muitos podem argumentar que este é apenas mais um feel good movie -- ou, melhor, filme para se sentir bem. Mas tudo tem limites. Em A Barraca do Beijo, além dos clichês, nada em aspectos técnicos funciona. A câmera não é inventiva, o roteiro não se esforça para mudar a percepção da audiência sobre a história e o elenco.... Ah, o elenco. King até se esforça, mas não consegue sair do lugar, criando uma personagem rasa, sem graça e sem vida.
Mas, se fosse só ela, os problemas do longa original da Netflix seriam poucos. O grande negócio está no estreante Jacob Elordi e em Joel Courtney (Super 8). Difícil lembrar de um outro filme que tenha irmãos tão irritantes. Eles não conseguem sair de uma expressão única no rosto e o roteiro os desfavorece demais. São chatos, implicantes, pouco compreensivos e sem sal. Qualquer ator de primeira viagem teria um desempenho parecido.
O final, pra concluir, é desesperador. Tudo ali dá errado já que todos os problemas se encontram. As atuações, que precisam ganhar intensidade, murcham de vez. Não há aspectos técnicos emocionantes: nem câmera ousada, nem trilha sonora, nem fotografia. Nada chama a atenção. E o roteiro vai pelo caminho mais óbvio e previsível, agradando apenas quem quer ver um filme sem sentido apenas para achar bonitinho no final e passar o tempo.
A Barraca do Beijo é um mais um erro pífio da Netflix na sua produção de longas. Se eles querem tanto competir com o Hulu e com serviços de streaming vindouros, como da Disney, precisam de muito mais. Afinal, este filme, que pretendia ser uma produção a la Disney Channel, não consegue nem passar como uma produção tosca e barata de faculdade. É triste de assistir ele por quase 100 e desesperador para conseguir chegar nos créditos finais.
Adendo: para quem quiser saber um pouco mais sobre a construção dessa crítica e entender os motivos do tom negativo, podem entrar nesse artigo AQUI.
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