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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Jaula' é filme brasileiro pretensioso que não acerta o tom


Que bobagem é esse A Jaula, longa-metragem brasileiro que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 17. Remake de um filme argentino que ninguém ouviu falar, chamado 4x4, o longa-metragem conta a história de um ladrão (Chay Suede) que arromba a porta de um carro para roubar o aparelho multimídia. No entanto, o que ele não imagina é que o carro é uma jaula.


De propriedade de um médico (Alexandre Nero), o automóvel fica trancado totalmente com o ladrão preso dentro. Não há saída. As janelas são blindadas, o vidro do carro é absolutamente escuro e não há meios de sair dali de dentro. Aos poucos, o protagonista de A Jaula começa a sentir os efeitos dessa prisão veicular: é a sede implacável, o calor, a fome, a vontade de viver.


Apesar do ponto de partida interessante, pouca coisa se salva no longa de estreia de João Wainer na ficção. Primeiramente, há buracos de roteiro que tiram a atenção do espectador. Oras, o carro não balança? Até isso o médico conseguiu impedir? E mais: ninguém na rua sequer achou estranho aquele automóvel parado ali, há tanto tempo, sem qualquer tipo de movimento?

São vários os questionamentos que surgem e tiram a atenção. Além disso, ainda que Suede e Nero estejam bem em seus personagens, os diálogos são tenebrosos -- e dá dó da situação dos dois atores em cena. Tudo é muito óbvio, muito plano. Suede é o ladrão tentando a vida, Nero é o bolsonarista sádico. Para construir esse cenário, chavões e mais chavões para todos os lados.


Nero só fala frases que parecem compilados do que bolsonaristas falam nas redes sociais, reproduzindo um clichê que se torna cada dia menos evidente e real. Do outro, poucas pistas sobre o ladrão de carros -- tem filho, tem esposa e parece estar nisso há tempos. Wainer aposta que vamos simpatizar com ele apenas pelo vínculo da humanidade e nada mais. Não tem como.


Tudo ali parece ter sido feito com ideias boas, mas nada aprofundadas ou trabalhadas. A Jaula peca em uma execução pobre, sem vida, e que segue o caminho mais simples para que o público entenda logo o que está acontecendo na tela. E, cá entre nós, não tem nada pior do que o cinema que trata o espectador como burro. Cadê a provocação, a originalidade? Em A Jaula, não está.

 

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